Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.
Escreve diariamente,
exceto aos sábados.
Setor calçadista perde cerca de 70 vagas formais de trabalho por dia
As fabricantes de calçados perderam 25 mil postos de trabalho em 2015. Um ano antes, elas empregavam 309 mil pessoas, número que caiu 8% no ano passado, para 284 mil.
Pelos dados do Caged, no Rio Grande do Sul, que representa 37,7% da mão de obra contratada pelo segmento, a retração foi de 6,6% em relação a 2014. Em São Paulo (15% das vagas), a baixa foi ainda maior: ficou em 14,8%.
"Por ser mais focada na produção para o público masculino, a indústria paulista se comporta de maneira menos dinâmica", explica Heitor Klein, presidente da Abicalçados (entidade do setor).
"A gente via empresas grandes darem férias coletivas no fim de novembro. Muitas não terminaram o ano produzindo",lembra Giuliano Spinelli Gera, sócio da PG4, do polo calçadista de Franca (a 400 km de São Paulo).
"A expectativa é que neste primeiro trimestre a gente recontrate parte desses funcionários perdidos", diz José Brigagão do Couto, do sindicato das calçadistas da região.
Além das medidas tomadas pelas próprias empresas, caso não tivesse ocorrido o movimento de recuperação das exportações, o total de desempregados seria mais dramático, avalia Klein.
"O câmbio começou a ser sentido em novembro, com a assinatura dos novos contratos. Sobretudo para quem tem boa presença na América Latina, a exportação é uma oportunidade de negócios."
No último mês de 2015, foram vendidos 17,6 milhões de pares de calçados ao exterior, 18,8% a mais que em dezembro de 2014. No ano fechado, porém, a queda foi de 4,2%.
RETOMAR O RITMO - Exportação brasileira de calçados, em US$ milhões
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SEM PASSO EM FALSO
Na gaúcha Calçados Bibi, o corte de vagas foi evitado com a revisão de processos. "Olhamos da porteira para dentro. Cortamos alguns custos, melhoramos métodos de produção", diz Marlin Kohlrausch, presidente da empresa.
A marca planeja abrir até 26 lojas neste ano, de franquias a unidades próprias, sobretudo nas regiões Sul e Nordeste, e a empresa deve crescer 7% em faturamento, contra alta de 5% no ano anterior.
"A procura por novos franqueados tem, de fato, sido um pouco menor neste ano em relação a anos anteriores. Mas a gente já passou por tantas crises parecidas com essa, não adianta lamentar."
A empresa espera agora aumentar o volume de exportações à Argentina, beneficiada pela nova política de "boa vizinhança" do governo do presidente Mauricio Macri, eleito no fim do ano passado.
Atualmente, cerca de 27% da produção da calçadista vão para o mercado internacional, e 10% do que é exportado têm a Argentina como destino.
1.500
é o número de funcionários nas fábricas da Calçados Bibi –uma no Rio Grande do Sul e outra na Bahia
R$ 500 MIL
é o investimento mínimo estimado para abrir uma franquia da marca
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PONTO CENTRAL
O número de inscritos nas unidades habitacionais da PPP (parceria público-privada) do Centro de São Paulo, cujas obras começaram em um terreno da rua São Caetano, já está em quase 20 mil.
Há uma semana, a Secretaria da Habitação do Estado abriu um site para candidatos à inscrição aos apartamentos que já atingiu cerca de 480 mil visualizações. A iniciativa é a primeira PPP no Estado na área.
O projeto prevê 3.683 unidades habitacionais –2.260 unidades de habitação de interesse social (para famílias com renda de até seis salários mínimos), e outras 1.423 unidades de mercado popular, com renda entre seis e dez salários mínimos do Estado.
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EMBARQUE TURBULENTO
O reajuste de 12,4% em tarifas de embarque, conexão, pouso e permanência determinado pela Anac, a agência de aviação civil, chega em um momento "desastroso", segundo Eduardo Sanovicz, presidente da Abear, a associação das aéreas.
"Mesmo que seja um reajuste programado, isso é danoso nesse momento de crise, a mais grave da aviação civil desde 2002."
O novo custo do embarque será pago pelos passageiros. Aquele que incide nas operação das empresas deve chegar ao cliente de maneira indireta, diz o executivo. "Nós não estamos absorvendo mais nenhum aumento."
Os novos valores passam a vigorar em 30 dias.
A resposta das empresas ao cenário será cortar voos. Será uma queda de cerca de 7% na oferta, diz o executivo. A demanda por aviação civil cai desde abril do ano passado, afirma Sanovicz.
A Abear pressiona a Anac para que a entidade reveja tarifas de aeroportos concessionados. São taxas que não são regulamentadas e que as empresas consideram abusivas.
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FUNDOS PARA FORA
A porcentagem dos investimentos de fundos de pensão do Brasil em ativos no exterior aumentou 0,14 ponto percentual no ano passado e chegou a R$ 1,8 bilhão.
As informações são da Previc, a agência responsável por regulamentar o setor.
São 85 os fundos que possuem investimento fora.
O Valia, dos funcionários da Vale, tem 5% de seus recursos em renda variável no exterior. No ano passado, por conta da desvalorização cambial, o rendimento desse montante foi de 51%, afirma Mauricio Wanderley, diretor de finanças da entidade.
Para os fundos é interessante investir fora porque "traz uma proteção natural, especialmente quando os juros forem reduzidos", afirma Wanderley, que também é presidente da Abratt, associação das entidades de previdência complementar.
A Funcesp, de funcionários da Cesp, tem 2% de seus recursos em ações fora do país. "Tiramos de renda variável daqui, porque não compensava, e aplicamos lá fora", diz o presidente, Jorge Simino.
85
fundos têm aplicações em outros países
3,05%
das carteiras é o quanto esses fundos destinam ao estrangeiro
0,26%
de tudo que os fundos de pensão possuem está no estrangeiro
R$ 1,8 bilhão
de recursos
10%
é o limite do patrimônio de um fundo que pode ser investido fora do país
9,19%
é máximo que um deles têm no estrangeiro
Fonte: Previc
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HORA DO CAFÉ
Editoria de Arte/Folhapress | ||
com FELIPE GUTIERREZ, DOUGLAS GAVRAS, TAÍS HIRATA
Livraria da Folha
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