Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.
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exceto aos sábados.
Exportações para a Argentina reagem no 1º semestre, mas ainda patinam
As exportações do Brasil para a Argentina tiveram alta no primeiro semestre deste ano, mas ainda patinam, segundo dados do Mdic (Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços).
De janeiro a junho, as vendas ao país vizinho tiveram alta de 0,79% em relação a igual período de 2015. Elas fecharam em US$ 6,53 bilhões (R$ 21,8 bilhões).
O comércio com o país amarga dois anos seguidos de queda, lembra Renato Galvão Flôres Junior, da FGV. "O resultado do semestre é fruto da busca por equilíbrio nas contas argentinas e da maior confiança dos empresários de lá."
O setor de veículos teve um papel fundamental nessa recuperação, representou quase 45% das vendas do período, avalia Carlos Portella, da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil).
"O encolhimento do mercado interno coincide com a maior abertura do país vizinho a partir do fim do ano passado, pelo governo de Mauricio Macri. As montadoras estão atentas a isso."
A indústria automotora figura nos cinco principais produtos remetidos à Argentina nesse período, com destaque para os veículos leves, que tiveram aumento nas vendas.
Em junho passado, Brasil e Argentina renovaram um acordo automotivo por mais quatro anos. Pelo compromisso, a cada US$ 1,5 exportado, o Brasil tem que importar da Argentina US$ 1.
"O setor sempre teve papel fundamental nas vendas ao Mercosul, o que é positivo, mas o país precisa buscar diversificar o comércio com a região", diz Flôres Junior.
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Saída ao lado
O setor automotivo deverá começar a se recuperar a partir do ano que vem, e as exportações aos países latinos irão ajudar a elevar as vendas.
A avaliação é de Antonio Megale, presidente da Anfavea (dos fabricantes de veículos automotores).
"Exportar é o caminho natural, sobretudo quando o mercado interno não está em um bom momento e as fábricas trabalham com capacidade ociosa de 50%, na média."
Quando considerados todos os destinos, a saída de veículos no semestre recuou a US$ 4,85 bilhões (R$ 15,6 bilhões) -uma queda de 12,5%.
"Com a renovação do tratado com a Argentina e a entrada efetiva em vigor de acordos, como o que o Brasil assinou com a Colômbia, poderemos fortalecer a presença nacional nesses mercados."
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Vale-Cultura ainda tem pouca adesão de empresas
O vale-cultura é um dos programas que têm menor adesão nas empresas: só 15% dos trabalhadores o recebem, segundo levantamento da Edenred e da Ipsos.
O benefício, de R$ 50 mensais concedido pelo empregador em troca de deduções, pode ser usado para comprar itens como ingressos de cinema e teatro, livros ou revistas.
"O baixo uso se dá pelo benefício não ser visto como prioridade para funcionários e empregadores, sobretudo em tempos de crise", diz Danilo Cersosimo, da Ipsos.
O número de beneficiários do vale cultural, porém, tem aumentado. Eles eram 490,7 mil até o início deste mês, alta de 5% ante 2015, segundo o Ministério da Cultura.
"Também pesa o fato de ser um benefício novo, se comparado a outros mais conhecidos, como o de alimentação", diz Juliana Konevalik, da Ticket, que pertence à Edenred. "Passada a crise, deve se tornar mais popular."
fila do cinema - Números do Vale-Cultura
fila do cinema - Consumo de Vale-Cultura, em R$ milhões
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Carga mais leve
A paranaense Águia Sistemas, que fabrica estruturas de armazenagem e transporte de cargas, investe R$ 25 milhões na modernização de sua planta em Ponta Grossa (a 97 km de Curitiba).
Com o aporte, a área fabril, que antes tinha 18 mil m², passará para 25 mil m², e a capacidade anual de produção, hoje de 40 mil toneladas, passará para 60 mil toneladas.
"Optamos por comprar máquinas, não adaptar nada usado", diz Rogério Scheffer, presidente da empresa.
A decisão de ampliação foi tomada há cerca de quatro anos. Hoje, a fábrica tem 60% de capacidade ociosa.
"Caso imaginássemos as mudanças que aconteceriam no país, teríamos segurado os investimentos, mas as trocas eram necessárias para não perdermos competitividade."
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Tem mais... A população da União Europeia aumentou para 510,1 milhões no início deste ano, alta de 0,35% em relação ao começo de 2015. Os dados são da Eurostat (agência oficial de estatísticas).
...alguém aí O país com maior número de pessoas é a Alemanha, com 82,2 milhões de habitantes, seguida por França (66,7 milhões) e Reino Unido (65,3 milhões), que ainda fazia parte do bloco.
Quarto de hóspedes Paris é a cidade com mais imóveis para locação no site de hospedagem Airbnb, com 78 mil anúncios, seguida por Londres (47 mil). O Rio de Janeiro aparece em quarto, com 33 mil.
Em fatias O faturamento com pães e bolos industrializados aumentou 5,72% de janeiro a abril deste ano, ante 2015, segundo a Abimapi (do setor). A inflação foi de 3,25% no acumulado do quadrimestre.
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Hora do café
com FELIPE GUTIERREZ, DOUGLAS GAVRAS e TAÍS HIRATA
Livraria da Folha
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