Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.
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exceto aos sábados.
Apesar do desemprego, faltam profissionais de finanças
Apesar do desemprego, mais da metade (55%) das empresas brasileiras têm muita dificuldade de encontrar profissionais qualificados na área de finanças, aponta a empresa de recrutamento Robert Half.
A média global do índice é de 32%. Apenas 10% dos diretores financeiros ouvidos não relatam problemas para contratar funcionários no setor.
A oferta de profissionais na área sempre foi escassa, mas a crise econômica agravou essa percepção, diz Tomás Jafet, especialista na área da consultoria Michael Page.
"As empresas já não conseguem propor aumentos de salários tão atrativos aos profissionais qualificados. Ao mesmo tempo, há mais receio do funcionário de sair de uma companhia onde ele já é reconhecido para uma nova."
A contratação para muitos cargos de finanças cresceu durante a crise, por ser um setor estratégico em momentos de cortes de gastos, afirma.
Os processos seletivos, porém, se tornaram mais longos -para um cargo de gerência, uma seleção que durava em média 60 dias passou a 90.
Para as empresas de pequeno e médio porte, a crise ampliou a busca por profissionais mais generalistas, o que se mostrou um entrave.
"Antes, havia um especialista em tributos diretos e outro em indiretos", exemplifica Caio Arraes, da Robert Half. "Hoje, as empresas enxugaram seus quadros e querem um funcionário com noção mais ampla de tributação."
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Segmento de automóveis tem mais dívidas e menos caixa
A dívida do setor automobilístico deverá chegar a R$ 20 bilhões em 2017 —alta de 14% em relação ao ano passado, aponta a consultoria TCP Latam, que pesquisou 118 empresas, entre montadoras e empresas de autopeças.
A relação entre as dívidas e o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) no segmento se deteriorou nos últimos anos.
Em 2014, as obrigações financeiras das companhias eram 6,6 vezes maiores que todo o fluxo de caixa delas durante aquele ano. Em 2017, o cálculo aponta que o quociente subiu para 13 vezes.
As empresas tomaram empréstimos ao prever que o mercado de veículos iria rondar a casa dos 4,4 milhões, mas a produção encolheu e foi para 2,16 milhões, afirma Ricardo Jacomassi, da TCP.
"Os juros no período foram elevados e a margem caiu. Foi uma combinação explosiva."
A relação com empréstimos no setor não é homogênea, diz Dan Ioschpe, presidente do conselho de administração do Sindipeças.
"O custo do dinheiro subiu para todos e autopeças não foram exceção, mas há empresas que buscam recursos na casa matriz e há brasileiras exportadoras com outra capacidade de financiamento."
ACELERAÇÃO DA ALAVANCAGEM - Valor da dívida das empresas dividido pela geração de caixa
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Marlene Bergamo/Folhapress | ||
Rogério Zampronha, presidente da Vestas no Brasil |
Turbinas cearenses
O Ceará tem 80 GW de potencial eólico não utilizado, de acordo com estudo da Vestas, fabricante do setor.
Desse total, 19 GW seriam produzidos com ventos acima de 8,5 metros por segundo, a faixa tida como mais rentável, diz Rogério Zampronha, presidente da companhia no Brasil.
"[Caso fosse aproveitada]A capacidade instalada no Ceará nesse segmento representaria 80% a mais do que nossa situação atual. Hoje, são gerados 11 GW de energia eólica no país", afirma.
"É evidente que existem outros locais com áreas igualmente promissoras, como Piauí, Maranhão, Rio Grande do Norte e Bahia."
A exploração da faixa mais atrativa demandaria um investimento de R$ 91,2 bilhões, segundo cálculos baseados no último leilão do setor, diz Joaquim Rolim, da Fiec (Federação das Indústrias do Estado do Ceará).
"Para que esse potencial se concretize, uma série de variáveis são necessárias, como novos leilões de energia e redes de transmissão."
VENDAVAL NO SERTÃO - Potencial eólico no Ceará, em GW, por velocidade dos ventos e área disponível
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Do aeroporto para a reunião
O turismo de negócios voltou a crescer no primeiro trimestre de 2017, após cair em todos os meses de 2016.
Houve alta de 10,2% na receita de janeiro a março, na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo a Abracorp (do setor).
A melhora foi puxada pelas companhias aéreas, que tiveram um aumento de 13,1%.
"É evidente que a base de comparação é muito ruim, mas o mês de março, sobretudo, foi muito forte", diz Tarcísio Gargioni, vice-presidente da Avianca no Brasil, que cresceu 25,7% no trimestre.
TERNO... - Vendas de passagens aéreas para turismo de negócios no 1º tri, em número de bilhetes
"O número de tíquetes vendidos por dia ainda varia muito", diz Igor Miranda, diretor da Latam, que cresceu 10,8%.
"A perspectiva é que 2017 seja melhor que 2016, mas ainda não há certezas."
Apesar da melhora do setor, os hotéis não reverteram a sequência de quedas.
Mais pessoas foram e voltaram dos destinos no mesmo dia, o que contribuiu para uma retração de 10,7% e 9,7% na hotelaria nacional e internacional, aponta a Abracorp.
...NA BAGAGEM - Vendas de passagens aéreas para turismo de negócios no 1º tri, em R$ milhões
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Vezes... O Sinditêxtil havia previsto um crescimento de 1% para este ano no Estado de São Paulo, mas reviu para 10% depois de um decreto do governador Geraldo Alckmin que zera o ICMS do setor.
...dez O impulso gerado no faturamento será de cerca de R$ 3 bilhões, e a receita das companhias deverá se aproximar do total de 2014, afirma Luiz Arthur Pacheco, presidente do sindicato.
Emprego O varejo paulista cortou 4.068 postos de trabalho em fevereiro, segundo a FecomercioSP. O número de desligamentos, no entanto, foi inferior ao do mesmo mês em 2016, quando 13.365 pessoas foram demitidas.
Comércio As vendas por atacado de tecidos em São Paulo no segmento de cama, mesa e banho cresceram 2,6% em abril, na comparação com o mês anterior. É a segunda alta consecutiva, de acordo com o Sinditecidos (do setor).
Aduana Uma liminar deferida durante a greve de auditores da Receita Federal encerrada em janeiro evitou um gasto de R$ 40 milhões por importadoras e exportadores em São Paulo, segundo o Sindasp.
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Hora do Café
Tiago Recchia/Folhapress | ||
com FELIPE GUTIERREZ, TAÍS HIRATA e IGOR UTSUMI
Livraria da Folha
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