Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.
Escreve diariamente,
exceto aos sábados.
Vendas de imóveis já são postergadas após crise política, afirma setor
O mercado imobiliário, que começava a demonstrar uma recuperação nos últimos meses, deverá sofrer um impacto imediato da crise política, segundo companhias e entidades do setor.
Neste fim de semana, o movimento nos plantões de venda será muito ruim, segundo um empresário que cancelou iniciativas promocionais.
"Até o fim deste mês, pode até haver movimento nos plantões de venda, mas sem fechamento de negócios", afirma Flávio Prando, vice-presidente do Secovi-SP (sindicato de habitação paulista).
Nos últimos dois dias, as assinaturas de contratos foram adiadas, diz Flavio Amary, presidente da entidade.
Ainda será preciso aguardar os desdobramentos da taxa de juros e da confiança do consumidor para revisar as projeções para este ano, avalia o presidente da Abrainc (associação das incorporadoras), Luiz Antônio França.
Os lançamentos deverão ser os mais afetados. "Para quem tem perspectiva de receber o imóvel em três anos, há maior incerteza sobre qual será a situação da construtora até lá", afirma Igor Freire, diretor da Lello.
Novas regras para os distratos (desistências da compra), discutidas entre governo e setor, deverão ser adiadas. "É preciso, antes, resolver o problema central", diz França. "A pauta, porém, segue como prioridade", de acordo com Amary.
*
Vivo vai discutir multas na Justiça se não acertar TAC
Se o TAC (termo de ajuste de conduta) entre a Vivo e a Anatel for revogado, a empresa vai questioná-lo na Justiça e aplicar em marketing o que investiria em infraestrutura em marketing, segundo a coluna apurou.
A Vivo fechou um acordo com a Anatel para transformar R$ 2,8 bilhões de multas em expansão de fibra ótica.
O acerto, no entanto, pode não prosperar porque um relatório, que vazou para o mercado, do TCU (Tribunal de Contas da União) considera que o TAC prejudicaria o país. A Anatel ainda responderá ao TCU, que, na sequência, decidirá se o acordo é válido.
A principal objeção dos técnicos do Tribunal no relatório é que os termos "não estão integralmente de acordo com a política pública de universalização da banda larga". Isso porque áreas mais remotas não estão contempladas.
Para a Telefônica, o propósito é atingir mais pessoas, e não necessariamente chegar em regiões de difícil acesso. O acordo com a Anatel só fará sentido para a operadora se houver desconto da multa.
A Vivo apenas declarou que o "TAC está de acordo com a regulamentação e trará benefícios concretos à sociedade".
Acertos e desacertos
R$ 2,8 bilhões
é o valor das multas em negociação no termo de ajuste de conduta
R$ 4,87 bilhões
é o que a Telefônica Vivo pretende aportar em banda larga em quatro anos
R$ 1,7 bilhão
negativo é a soma dos valores presentes líquidos desses investimentos, segundo a Vivo
R$ 137,7 milhões
é o valor em ilegalidades e danos ao erário do acordo, segundo técnicos do TCU
*
Nem a primeira, nem a última
A produção da indústria de plásticos cresceu 1,5% no primeiro trimestre deste ano, na comparação com o mesmo período de 2016, segundo a Abiplast, que reúne as fabricantes do setor.
A crise política não afetou a perspectiva de que as empresas vão crescer 1% em 2017. O motivo, porém, é que a base de comparação do ano passado é muito baixa, avalia o presidente da associação, José Ricardo Roriz Coelho.
"Não significa que haverá investimentos já neste ano, mas as vendas começaram a melhorar. Isso é importante pois a falta de continuidade na demanda reduz a produtividade das fábricas e aumenta os custos."
FUTURO PLÁSTICO - Faturamento real, em R$ bilhões
A ociosidade das indústrias é de 35%, nível considerado grave pelo setor, diz.
A crise aberta com a delação dos irmãos Batista, da JBS, "não é a primeira, nem será a última do país", avalia. Ainda é preciso aguardar seus desdobramentos para avaliar o impacto, diz ele.
A maior preocupação da indústria, neste momento, é se a taxa de juros seguirá em retração, afirma Roriz.
FUTURO PLÁSTICO - Empregados, em milhares
*
Meu asfalto, minha vida
O Pró-Transporte, projeto que conta com R$ 10 bilhões do FGTS para mobilidade urbana, foi reformulado pelo conselho curador do fundo e passa a abranger a qualificação viária.
A proposta veio do Ministério das Cidades para atender a uma demanda do setor de distribuição de asfalto por mais recursos para o recapeamento de vias urbanas.
"Isso pode ajudar a diminuir a queda deste ano. Em 2016, foram 2,1 milhões de toneladas, e em 2017, 1,8 milhões", diz o presidente da Abed, Luiz Rocholi.
O programa vai financiar estudos sobre o tema sem que estejam vinculados a uma obra específica. Serão R$ 5 bilhões para propostas do setor público e R$ 5 bilhões para o privado.
*
Shopping de serviços
As incorporadoras mineiras Map Mall e Empart investirão R$ 60 milhões em um centro comercial na cidade de Uberlândia (MG).
Cerca de 70% dos recursos são dos sócios. O restante virá de investidores que compram unidades e terceirizam a administração, como ocorre no sistema de condo-hotel, afirma Marcio Malamud, sócio-diretor da Map Mall.
Os principais negócios no empreendimento serão franquias de serviços e alimentação, segundo o executivo.
"Uberlândia cresceu muito rápido e já tem dois shoppings bem grandes. Essa expansão acelerada acabou deixando algumas lacunas no setor de serviços."
Projetos semelhantes serão lançados em Rio Verde (GO) e Araguari (MG), afirma.
*
Energia... O setor de veículos e autopeças e a indústria têxtil têm liderado o aumento de consumo elétrico no mercado livre, segundo a Comerc, que vende energia para grandes empresas.
...extra Os segmentos cresceram, respectivamente, 6% e 4% em março, na comparação com o mesmo mês de 2016. O consumo geral da indústria no mercado livre teve alta de 1,37% no primeiro trimestre.
Indústria A Scania, de veículos pesados, contratou 500 pessoas para sua fábrica em São Bernardo do Campo (SP). O aumento foi necessário por causa do maior volume de exportações, segundo a empresa.
Na dúvida Dois terços dos brasileiros gostariam de abrir seu próprio negócio, mas 60% dizem que não sairiam de seus empregos para empreender, segundo a Randstad.
*
Hora do Café
com FELIPE GUTIERREZ, TAÍS HIRATA e IGOR UTSUMI
Livraria da Folha
- Coleção "Cinema Policial" reúne quatro filmes de grandes diretores
- Sociólogo discute transformações do século 21 em "A Era do Imprevisto"
- Livro de escritora russa compila contos de fada assustadores; leia trecho
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade