Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.
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Oferta de ações em 2017 deve superar em quatro vezes a de 2016
Paulo Whitaker/Reuters | ||
Executivos do setor apostam em aumento das ofertas de ações para este ano |
A delação dos irmãos Batista provocou uma redução no volume de ofertas de ações esperado para 2017, mas ainda assim, executivos do setor estimam superar a cifra de R$ 40 bilhões em IPOs (ofertas iniciais) e em subsequentes.
Ao longo de todo o ano passado, foram R$ 9,7 bilhões.
Desde o início de 2017, 13 empresas já emitiram ações, entre ofertas iniciais e de "follow on" (subsequentes), registrando cerca de R$ 24 bilhões.
Outras dez operações aproximadamente são esperadas pelo mercado até dezembro -quase todas IPOs.
"Apesar dos eventos de maio [delação da J&F], o mercado ainda continua bem forte e podemos chegar a um total de 30 operações, no valor de R$ 40 bilhões até o final de 2017", diz Leandro Miranda, diretor do Bradesco BBI.
Neste ano, até agora, o volume equivale ao ano todo de 2016, mais 147%, afirma.
Antes do acirramento da crise política, a expectativa era de um ano recorde, similar a 2007 em reais, quando a oferta de ações somou R$ 70 bilhões, diz Hans Lin, responsável pelo banco de investimento do Bank of America Merrill Lynch no país.
"Mesmo com a piora no cenário e dúvidas acerca da aprovação da reforma da Previdência, foi possível a oferta de R$ 5,2 bilhões de Carrefour, o maior IPO desde 2013", afirma o executivo.
Lin, que está cautelosamente otimista, estima que o mercado feche este ano com R$ 40 bilhões em ofertas.
"O mercado está mais arisco, mas as coisas continuam acontecendo, saímos daquele marasmo de janela totalmente fechada, que foi o primeiro semestre de 2016.
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Investidor no exterior está mais otimista que o brasileiro
Investidores estrangeiros têm demonstrado menos pessimismo com Brasil que brasileiros.
O volume de recursos de estrangeiros nos IPOs de empresas brasileiras cresceu, segundo analistas, e os últimos ficaram perto de 60% do total alocado -caso de Carrefour.
A estimativa é que até o final deste ano, metade dos investimentos venha do exterior. O perfil também mudou.
Na oferta de Carrefour, estima-se que dois terços dos investidores eram de fundos que compram para ficar com o papel por um bom prazo.
"Estrangeiros estão mais otimistas que brasileiros, claro que menos por acontecimentos recentes. Mas estão positivos pela política econômica, com reformas, queda de inflação e de juros", diz Leandro Miranda, diretor do Bradesco BBI.
"Há qualidade do dinheiro investido pelo tamanho e por serem grandes investidores institucionais americanos que entram para ficar na companhia."
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Loteadoras e Caixa vão discutir ajustes em novo financiamento
O setor de loteamentos urbanos vai se reunir com a Caixa no dia 21 deste mês para discutir a nova linha de financiamento, de R$ 1,5 bilhão, anunciada na última terça (8).
Um dos pontos mais questionados é a taxa de juros oferecida, que varia de 15% a 18% ao ano para financiar as obras de infraestrutura.
"É uma taxa alta se olharmos a previsão de Selic a 7,5% no fim de 2017", diz Rafael Cordeiro, diretor-executivo da Urbamais, do grupo MRV.
"A ideia é que a Caixa comece a entender melhor a dinâmica desse mercado e flexibilize esse produto a médio prazo", diz Caio Portugal, vice-presidente do Secovi-SP (sindicato do setor).
Não há planos de reduzir os juros neste momento, segundo Nelson Souza, vice-presidente de habitação do banco.
"Há um viés de baixa da taxa, mas vamos entrar neste mercado com prudência. Não queremos que o programa feche por inadimplência."
"A iniciativa é positiva para o setor, mas é cedo para analisar seu impacto. Há pontos a serem esclarecidos, como o limite de faturamento e as garantias", diz Ciro Scopel, presidente da loteadora que leva seu sobrenome.
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Outro efeito Trump
Após a eleição de Donald Trump, caiu o número de turistas europeus e mexicanos em Nova York, mas não o de sul-americanos, diz Fred Dixon, CEO da NYC & Company, órgão oficial de promoção turística da cidade.
O Brasil é o segundo país que mais traz receita à cidade, atrás apenas da China.
O número de viajantes brasileiros deverá se manter estável neste ano —em 2016, foram 817 mil. "Um aumento deverá ocorrer só no ano que vem", diz Dixon, que está em São Paulo para divulgar novas atrações na cidade.
Entre as inaugurações, estão, em outubro, um espaço interativo da National Geographic (uma experiência de vida marítima), outro da NFL (de futebol, em novembro), na Times Square, e um outlet em Staten Island, com cem lojas, (em março de 2018).
US$ 2 BILHÕES
(cerca de R$ 6,35 bilhões) foram os gastos aproximados de turistas brasileiros em Nova York, em 2016
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Levantando voo
A venda de aeronaves no Brasil evoluiu em 2017, e deverá melhorar no próximo ano, afirma Stéphane Leroy, vice-presidente da Bombardier para a América Latina.
"No Brasil, jatos são usados principalmente por executivos. As aquisições ficaram em espera durante a crise, mas já vemos uma boa movimentação neste ano."
A companhia planeja ampliar o serviço de assistência técnica no país, diz Leroy.
O executivo destaca que a empresa tem "de longe, os preços mais competitivos", mas diz não responder questões sobre a queixa que o Brasil abriu contra a Bombardier na OMC.
Em fevereiro, o país pediu uma investigação de subsídios do governo canadense à empresa, que teria sido beneficiada em disputas com concorrentes, como a Embraer.
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Hora do Café
Alves/Folhapress | ||
com FELIPE GUTIERREZ, TAÍS HIRATA e IGOR UTSUMI
Livraria da Folha
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