Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.
Escreve diariamente,
exceto aos sábados.
Beneficiário de empresa no país terá de abrir mais dados à Receita até 2018
Sergio Lima/Folhapress | ||
Cadastro das empresas brasileiras precisará informar o beneficiário final da companhia |
Em linha com a busca mundial por mais transparência, investidores começam a se adequar à obrigatoriedade de declarar o beneficiário final das empresas brasileiras, segundo advogados.
Até o fim de 2018, pessoas físicas que tenham negócios no país precisarão abrir a informação quando exercerem influência e tiverem mais de 25% do capital de uma companhia local.
Alguns investidores de fora mostraram preocupação em ter de fornecer seus dados em casos desnecessários, como quando o controle é muito pulverizado, afirma Tatiana Penido, do Mattos Filho.
Uma instrução normativa publicada pela Receita Federal em agosto tornou a norma mais clara, diz ela.
"Há receio [de investidores], mas a troca de informações vai se tornar comum. Não vejo uma movimentação contrária", diz Tiago Dockhorn, do Machado Meyer.
"Nós conhecemos grupos que já decidiram não atualizar seus dados. Caso a Receita aplique as penalidades previstas [de cancelar os CNPJs irregulares], prevemos contestações na Justiça", diz Ramon Castilho, do Souza Cescon.
Além de trazer maior transparência, a medida também reduzirá as despesas em processos de investigação de ativos, afirma Aldo Moscardini, sócio da Localize, do setor.
"Quando é preciso quebrar a estrutura de offshores, há gastos adicionais como advogados estrangeiros, que podem chegar a R$ 1 milhão."
*
Empresa de comércio na web abre centro de distribuição
O Mercado Livre testa, em forma de piloto, um centro logístico para armazenar e despachar produtos dos vendedores que usam a plataforma.
O armazém fica em Louveira (SP), afirma Stelleo Tolda, diretor de operações da empresa. A área tem 50 mil m², mas uma parte pequena é usada hoje, pois a operação ainda está no início.
"[É um serviço] para clientes que têm porte, que até podem ter um pequeno local para distribuição, mas que precisariam contratar segurança e responsáveis por receber mercadorias e cuja operação não justifica isso."
Para poder usar o galpão, um vendedor deve fazer ao menos cem transações por dia, diz ele. Um setor que deverá ter muitos usuários do serviço é o de autopeças.
"Essas empresas comprarão produtos de fornecedores delas e mandarão entregar em Louveira. Nós vamos receber, e à medida que os bens são vendidos, saem de lá com custo menor, porque faremos isso para muita gente."
O Mercado Livre também testa ofertar crédito para capital de giro a seus parceiros.
Como os clientes deles recebem pelo Mercado Pago, solução de pagamento da plataforma, a quitação acontece antes de o dinheiro chegar ao bolso do vendedor.
EM NÚMEROS - Resultados do Mercado Livre nos últimos anos
*
Novo Inovar-Auto terá fundo para inovação à prova de ajustes fiscais
O Rota 2030, política industrial que substituirá o Inovar-Auto, deverá criar um fundo para inovação cujos recursos não possam sofrer cortes de orçamento, segundo o Mdic (ministério da indústria).
A ideia é que as empresas que participarem do novo programa depositem no fundo os valores referentes à contrapartida dos benefícios.
O Inovar-Auto já utiliza um fundo nesses moldes, mas que é pouco efetivo.
O motivo é que os recursos depositados entram no orçamento e acabam sendo contingenciados, afirma Klaus Curt, presidente da Anip (associação do setor de pneus), que participa das reuniões de elaboração da nova política.
"O mecanismo deverá ser mais usado, mas é importante que sua gestão esteja fora do alcance de cortes fiscais."
Ainda não foi definido, porém, como será a administração do fundo previsto no Rota 2030, que, segundo o Mdic, passa por ajustes finais.
*
Dobrar a oferta
O Vila Velha Hospital, no Espírito Santo, deverá investir R$ 40 milhões de recursos próprios para dobrar de tamanho nos próximos dois anos.
Hoje com 247 leitos, a instituição opera com mais de 95% de ocupação. A ideia é construir um novo edifício e chegar a 500 leitos.
"A demanda por saúde de alta complexidade tem crescido no Estado", diz o diretor-presidente, Rommel Grossi.
A venda do hospital não é descartada, mas não é o foco atual da empresa, que faturou R$ 135 milhões em 2016 e prevê alta de 10% neste ano.
"Frequentemente somos sondados, mas esses grupos querem instituições em dificuldade financeira, para comprar barato", afirma.
*
Pesquisa e... A Embrapii, agência de inovação ligada ao governo, vai incorporar nesta quarta (6) mais quatro polos e cinco unidades à sua rede.
...desenvolvimento Os projetos dos centros deverão somar R$ 149 milhões em projetos de diferentes áreas, como energia e agroindústria.
Pé lá fora A empresa gaúcha de calçados Vinícius Dapper vai abrir uma unidade em Nova York e abrir duas novas lojas até o início de 2018.
Debaixo... As vendas do atacado de cama, mesa e banho na 25 de Março, em São Paulo, cresceu 3,5% em agosto, aponta o Sinditecidos.
...da coberta A alta mensal foi atribuída à queda da temperatura na cidade, que impulsionou a venda de cobertores e itens mais pesados.
*
com FELIPE GUTIERREZ, TAÍS HIRATA e IGOR UTSUMI
Livraria da Folha
- Coleção "Cinema Policial" reúne quatro filmes de grandes diretores
- Sociólogo discute transformações do século 21 em "A Era do Imprevisto"
- Livro de escritora russa compila contos de fada assustadores; leia trecho
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade