Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.
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Oi e outras em recuperação judicial podem ter diretorias destituídas
Silvia Zamboni - 3.ago.2016/Folhapress | ||
Operadora Oi, em recuperação judicial, deve mais de R$ 65 bilhões |
Mudanças propostas pelo governo na Lei nº 11.101/2005, que regulamenta a recuperação judicial e a falência, deverão alterar a vida de empresas, como a Oi, cujo processo tem se prolongado, sem interação com os credores.
A proposta, que deverá ser encaminhada à Câmara dos Deputados nos próximos dias, vai alterar entre 60% e 80% da norma em vigor.
Uma empresa viável poderá sair o quanto antes da RJ (recuperação judicial), e o caso da inviável será rapidamente encaminhado à falência, antes de perder ainda mais valor e ter dilapidado o seu patrimônio, segundo a área técnica da Fazenda.
Com dívida total de R$ 65 bilhões, a operadora protagoniza a maior recuperação no país, mas há outros casos famosos, como Sete Brasil, Grupo Schahin, OAS e PDG.
Com a atualização da lei de 2005, credores poderão propor a recuperação judicial. Hoje, isso cabe só aos devedores, que podem prolongar indefinidamente o processo.
A empresa passará a ter 120 dias, após o deferimento da RJ, para propor e aprovar um plano. Se for recusado, os credores poderão apresentar proposta, e caso essa saia vencedora na assembleia geral, a gestão da companhia será destituída.
No anteprojeto consta que o ativo poderá ser vendido sem carregar passivos, o que elevará seu preço.
Se o investidor souber que pode comprar sem risco de sucessão, colocará no fluxo de caixa um valor maior que o da venda hoje, em que há risco. Isso muda o cenário para essas empresas em RJ.
A regra estabelece normas para casos de grupos, para evitar, por exemplo, que a empresa A, em RJ, passe bons ativos para B, derrube o valor de A e dificulte a retomada.
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Número de drogarias cresce no interior e cai nas capitais
O número de drogarias nas cidades interioranas subiu 16,4% entre 2014 e 2017, enquanto nas capitais dos Estados, houve queda de 3,8%.
Os dados são dos conselhos regionais de farmácia e foram compilados pela ICTQ, uma instituição de ensino desse segmento.
A interiorização aconteceu, em parte, pelo aumento da presença de redes nos centros urbanos, diz Ismael Rosa, pesquisador da entidade.
Em cidades de menor porte têm havido abertura de pequenas, onde a concorrência com as grandes é menor. Lojas independentes atendem públicos menores, diz ele.
"As redes conseguem boas negociações com as fabricantes, possuem centros de distribuição e oferecem preços mais baixos. A presença dessas varejistas no interior é menos intensa", afirma Rosa.
A lógica que elas usam para decidir se abrem lojas em novas cidades é avaliar o tamanho do mercado e também a logística, diz Sergio Mena Barreto, presidente da Abrafarma, associação do setor.
"Só faz sentido abrir ponto em município médio se no caminho houver outros que comportam loja, para que o caminhão [de abastecimento] não viaje para um só destino."
Porcentagem das drogarias localizada na capital do Estado |
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Com o pé atrás
Os brasileiros pretendem economizar nas compras de Natal neste ano, segundo pesquisa da Deloitte. Apesar da melhora na economia, 57,3% afirmam que vão gastar menos do que em 2016.
O pagamento de dívidas é apontado por 47% dos que pretendem reduzir os gastos como a principal razão para fazê-lo. Para 23,6%, a decisão é influenciada principalmente pela piora na situação financeira da família.
O previsão de valor médio a ser gasto pelos consumidores é de R$ 367,48, queda de 6,7% em relação a 2016.
"O brasileiro está mais moderado no consumo e deverá pesquisar bem antes de comprar", afirma Reynaldo Saad, sócio da consultoria.
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Indústria da pesca pressiona governo por benefícios fiscais
Após conseguir que a secretaria da Pesca fosse transferida do Ministério da Indústria para a Presidência via medida provisória, a indústria do setor pressiona o governo por mais incentivos.
Entre as demandas prioritárias está a isenção de impostos sobre a importação de máquinas por um prazo mínimo de cinco anos.
"A alíquota chega a 35% e dificulta a adoção de tecnologia de ponta", diz Eduardo Lobo, presidente da Abipesca (entidade do setor).
Outra solicitação da indústria é a revisão dos processos para a requisição do uso de águas da União, que são considerados lentos demais.
"O empresário não pode ficar esperando anos para que a outorga seja liberada. Essa burocracia precisa ser agilizada", afirma Lobo.
A fiscalização do período de defeso (quando a pesca é proibida) também deve ser melhorada, diz Thiago De Luca, diretor da Frescatto, do setor.
Peixe fora d'água - Balança comercial do setor de pescados, em milhões de kg
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Robôs A EDP, multinacional de energia, vai investir R$ 8,3 milhões em um projeto de pesquisa em conjunto com a USP e com a consultoria EY para desenvolver robôs a serem usados no setor elétrico.
Tecnologia A Finnet, empresa brasileira de tecnologia, investiu R$ 10 milhões em infraestrutura e em uma plataforma para empresas que unifica as funções de vários bancos em uma mesma interface.
Da vitrine... A importadora de vinhos Grand Cru deverá abrir 15 lojas no Brasil em 2018. A maioria serão franquias, diz o diretor-executivo no país, Luciano Kleiman. Até o fim deste ano, serão dez inaugurações.
...à mesa O investimento da companhia no Brasil em 2017 foi de aproximadamente R$ 9 milhões, afirma Kleiman. O varejo representa mais de 50% da receita, estimada em R$ 200 milhões neste ano.
Aula... Quanto mais alto o acesso à internet de um país, melhor o nível de proficiência em inglês de sua população, segundo a EF Education First, de idiomas, e o Banco Mundial.
...virtual No Brasil, onde 59% das pessoas navegam on-line, o conhecimento da língua inglesa é considerado baixo. O país ocupa a 41ª posição no ranking de 80 integrantes.
Língua A Systemic, rede de ensino de idiomas de origem alagoana, investirá R$ 4 milhões em uma plataforma digital para o aprendizado de inglês de forma lúdica, semelhante a um jogo eletrônico.
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com FELIPE GUTIERREZ, IGOR UTSUMI e IVAN MARTÍNEZ-VARGAS
Livraria da Folha
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