Jornalista, assina coluna com informações sobre diversas áreas, entre elas, política, moda e coluna social. Está na Folha desde abril de 1999. Escreve diariamente.
Uma vaquinha de US$ 40 mil para comprar um motorhome e vir à Copa
"No verão, eu falei para alguns amigos: vamos fazer uma loucura. Vamos para o Brasil!", diz Juan Aguirre, 46, explicando como ele e mais sete chilenos se juntaram para subir a cordilheira dos Andes rumo ao Mundial.
Todos aderiram à aventura. Fizeram uma vaquinha de US$ 40 mil dólares, compraram um motorhome com duas camas de casal e uma de solteiro, além de cozinha e banheiro -e, no dia 7, pegam a estrada junto com a Caravana Santiago-Brasil 2014. Na volta, vão colocar o veículo à venda.
Karime Xavier/Folhapress | ||
Juan Aguirre, chileno que fará a caravana até o Brasil, no motorhome comprado com a vaquinha |
"É como um sonho americano. Eu trabalhei por muito tempo e agora quero me dar esse presente." Juan diz que sempre foi aventureiro. Quando jovem, correu o Chile com amigos. "Mas depois a pessoa começa a trabalhar, vem a responsabilidade. E agora, quando ficou decidido que a Copa seria no Brasil, o bichinho da aventura despertou de novo."
Jorge Gomez, 41, que planta e vende hortaliças, está com Juan na aventura. "A minha paixão sempre foi agarrar a mochila e sumir por dois meses do mapa."
Eles vivem em La Serena, a 400 km ao norte de Santiago. Venceram a estrada para vir à capital e participar do último encontro da caravana, no parque La Reina, onde pegaram o adesivo que identificará os carros do grupo e se informaram dos últimos detalhes da viagem.
Eles têm entrada apenas para o primeiro jogo do Chile, contra a Austrália, em Cuiabá. Se não conseguirem para os outros dois, contra a Holada, em São Paulo, e a Espanha, no Rio, vão ver no meio da rua mesmo, em qualquer televisão.
"Vai ser Chile, 2, Austrália, 0; Chile, 0, Espanha, 0; Chile, 1, Holanda, 0. E aí vem o Brasil. Vai ser o segundo Maracanazo! Vamos ter que colocar a camiseta amarela sobre a nossa, chilena, ou não vamos sair vivos do Brasil."
O Brasil é outra paixão, ainda platônica. "Dizem que o país é muito bonito. Vamos ver se é assim mesmo", diz Gomez.
Eles não acreditam que o Brasil seja tão violento quanto se diz. "É uma imagem que a TV e os jornais mostram para vender mais. Quando chegarmos ao Brasil, vai ser outra coisa. Tudo vai girar em torno da bola."
Ouviram falar de protestos, e acham natural. "São uns 7% minoritários que fazem greve porque também querem ganhar mais. Protesto tem em todos os lados, em todas as democracias."
O que vale, diz Gomez, "é mesmo a aventura. Mil coisas podem acontecer no caminho, e isso é o bonito da história."
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