Jornalista, assina coluna com informações sobre diversas áreas, entre elas, política, moda e coluna social. Está na Folha desde abril de 1999. Escreve diariamente.
A primeira viagem para o exterior
O carpinteiro Miguel Rubio, 46, vai dormir espremido na casa de alumínio instalada sobre uma caminhonete que herdou do pai, Raul Stálin Rubio Ramirez: ele e os três amigos com quem viajará para ver a Copa no Brasil vão se distribuir entre uma cama quase grudada no teto, duas nas laterais e um colchão no chão.
Eles carregam ainda banheiro químico, refrigerador e televisão.
A casa, que era prateada, foi toda pintada de vermelho, a cor da camisa da seleção, a Roja. Correntes serão instaladas nos pneus para a subida da cordilheira, que pode estar cheia de neve.
Karime Xavier/Folhapress | ||
Miguel Rubio sairá pela primeira vez do Chile para vir à Copa no Brasil |
Entrada para os jogos, que é bom, nenhum dos quatro tem. "Eu imagino que lá poderemos encontrar. Posso pagar no máximo 300.000 pesos [ou US$ 60 dólares] por um ingresso. Mais, já não dá. Mas vou feliz e contente, um chileno de coração." O carpinteiro nem é muito fanático por futebol. "Mas é a única chance na vida que temos de ir a um Mundial".
O sonho maior seria ver a partida da Roja contra a Espanha, no Rio.
É a primeira vez que Rubio sai do Chile. "Vai ser maravilhoso, o Brasil é maravilhoso, o mar, as praias de nudismo!", diz, em tom de brincadeira. "Vai ser incrível, vamos conhecer muita gente."
Rubio diz que está bem informado sobre a situação do país. "Eu sei que o Brasil está supercomplicado, mas eu não tenho medo. Eu sou correto, vou andar em locais corretos e não vai acontecer nada."
"A minha mãe é a única que está preocupada", segue. "E eu falo: 'mamãe, fica tranquila ou eu também fico nervoso'."
Ele fez até um copo de vidro com a inscrição "Caravana Mundialeira Santiago Brasil", para vender e ainda ganhar algum trocado na viagem.
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