Jornalista, assina coluna com informações sobre diversas áreas, entre elas, política, moda e coluna social. Está na Folha desde abril de 1999. Escreve diariamente.
'Se pagar, samba vai falar até de papel higiênico', diz Neguinho da Beija-Flor
Espremido em um corredor atrás do palco ("meu camarim está um gelo", explica), o sambista Neguinho da Beija-Flor esperava a hora do desfile da escola Acadêmicos do Tatuapé, que homenagearia a agremiação carioca Beija-Flor de Nilópolis.
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Folha - A cantora Beth Carvalho diz que, dependentes de patrocinadores, as escolas hoje fazem enredo até sobre iogurte. Você concorda?
Neguinho da Beija-Flor - As coisas mudaram bastante. Não se faz mais samba-enredo como antigamente. Hoje tem samba de escritório, de condomínio. Vários compositores compõem para diversas escolas. Antigamente era só a ala dos compositores de cada escola que fazia [o enredo]. O samba-enredo perdeu qualidade, sim. A Beth tem razão!
Mas patrocínio é necessário.
Infelizmente hoje, devido ao crescimento do Carnaval, é. Aí, o que pintar é lucro. Já pensou quando a marca de papel higiênico vier com patrocínio de R$ 20 milhões? A escola vai ter que falar de papel higiênico!
Como você lida com isso?
Eu não sou mais compositor de samba-enredo por coisas assim. Hoje, pra você ganhar com um samba-enredo, tem de ter mais de cinco, seis parceiros. Eu ganhei quatro sozinhos na Beija-Flor. Agora eu parei!
O samba virou negócio?
Sem dúvida! Os sambas antigos emplacavam. Os de hoje são passageiros, no ano seguinte ninguém lembra mais. Não tem mais a mesma graça pra mim. Hoje sou apenas intérprete.
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