Jornalista, assina coluna com informações sobre diversas áreas, entre elas, política, moda e coluna social. Está na Folha desde abril de 1999. Escreve diariamente.
Fui bombardeado por essa crise, diz ministro da Cultura após pedir demissão
Bruno Poletti - 20.jul.2016/Folhapress | ||
O ministro interino da Cultura João Batista Andrade |
Após pedir demissão do Ministério da Cultura nesta sexta (16), o ministro interino João Batista Andrade diz que quer ficar longe da administração pública.
"Não quero voltar. Quero retomar minha carreira como cineasta e escritor", diz Batista, que se antecipou à uma mudança inevitável no ministério após desgastes envolvendo a nomeação da presidência da Ancine (Agência Nacional de Cinema).
Com apoio do setor, Batista indicou a produtora Debora Ivanov para a presidência da entidade, mas o governo Temer não confirmou a indicação pois prefere o nome de Sérgio Sá Leitão.
"Não tenho nada contra o Sérgio, mas o que o governo tinha combinado é que a indicação do presidente da agência seria feita pelo ministro da Cultura", diz Batista. "A Ancine é uma entidade vinculada ao MinC. Não faz sentido que o ministro não possa indicar os nomes."
Batista também havia sugerido que Jorge Peregrino, executivo da área de distribuição, ocupasse a quarta vaga na diretoria colegiada da agência. "Fiquei sabendo pelo Diário Oficial que o governo havia nomeado outra pessoa", afirma o cineasta. A gerente cultural Fernanda Farah Zorman foi anunciada na quarta (14).
O ministro interino não discutiu a demissão com o PPS, partido ao qual é filiado. "Não tenho que pedir permissão. Mas fiz a gentileza de ligar e avisar o [presidente do partido] Roberto Freire, porque era uma decisão pesada. Eu saindo, o ministério fica sem ministro e sem secretário-executivo", diz Batista, que era o número dois da pasta antes de assumir interinamente. Freire, que ocupava o ministério até o mês passado, apoiou a decisão.
Batista não critica diretamente o presidente Michel Temer, mas afirma que houve um processo de saturação com governo e desrespeito em relação ao ministério. "Fui bombardeado por essa crise, que dolorosamente separa amigos, e cria uma situação inviável para a cultura no país. O ambiente hoje não é propício a uma boa política cultural. Eu não quero participar de uma roleta pelo cargo, vim para cá para fazer política cultural, não para ter um emprego", afirma.
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