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O jornalista Nelson de Sá cobre mídia e cultura na Folha. Escreve de segunda a sexta.
Guerra de notícia faz novo estrago em Washington e salva a semana
O comediante Jon Stewart, de passagem pelo "Late Show" da CBS, cobrou menos vitimização e mais jornalismo da imprensa sob Trump.
A resposta veio com duas revelações na noite de quarta. Primeiro o "New York Times", com o esforço do governo Obama para evitar que o sucessor apagasse os rastros dos contatos com a Rússia. Depois o "Washington Post", com a bala de prata de que o secretário de Justiça havia se reunido durante a campanha com um diplomata russo -e mentido sobre isso.
A corrida entre "WP" e "NYT", como sublinharam as principais newsletters de Washington e Margaret Sullivan, ex-ombudsman do "NYT", hoje colunista de mídia do "WP", salvou a semana do jornalismo americano. Os opinadores, "pundits", que dominam o telejornalismo tinham interrompido a cobertura crítica depois do tão louvado discurso de Trump ao Congresso.
O dia fechou com manchetes celebrando que o secretário aceitou a derrota e anunciou que não participará mais das investigações sobre a campanha.
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Desinformado
Vazamentos da Casa Branca para CNN e "USA Today" e por fim uma declaração em público do próprio Trump indicaram que ele "não sabia" das reuniões escondidas do secretário. E descobriu pelos "relatos da imprensa".
Só vê Fox News
A Bloomberg reportou que o presidente passou a evitar veículos mais críticos, como CNN e MSNBC, e pelas manhãs e noites só vê Fox News, que o apoia e esconde problemas. Segundo a agência, o lobby farmacêutico nos EUA até já distribuiu instrução aos associados para concentrarem publicidade no canal favorito.
Fox vs. fake news
Curiosamente, James Murdoch, filho de Rupert e presidente do conglomerado do qual faz parte a Fox News, criticou como a expressão "fake news", notícia falsa, "foi cooptada pela classe política para denegrir coisas que eles não querem ouvir". O presidente americano, maior usuário da expressão, é muito próximo de seu pai.
Dia sem mentir
O "WP" fez um balanço das alegações de Trump que passaram por seu tradicional serviço de "checagem de fatos". Quarta, após o pronunciamento tão elogiado, foi o primeiro dia sem afirmações questionáveis ou abertamente mentirosas do presidente desde sua posse.
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Próximo alvo
"Financial Times" e "Wall Street Journal" destacam que o novo governo americano afirmou que não aceitará mais as decisões da Organização Mundial do Comércio (OMC) e seguirá apenas as leis americanas. O brasileiro reeleito diretor-geral da OMC, Roberto Azevêdo, se diz "pronto para sentar e discutir". Mas Trump pode "derrubar um pilar da ordem econômica que os EUA estabeleceram pós-Segunda Guerra", alerta o "FT".
Hangover
Assim que saiu o nome do novo chanceler brasileiro, o correspondente da Associated Press no Rio foi buscar um tuíte de Aloysio Nunes em novembro, logo depois da eleição: "Trump é o Partido Republicano de porre. É o que há de pior, de mais incontrolado, de mais exacerbado".
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