Repórter especial da Folha, foi correspondente nos EUA e escreve sobre política e economia internacional. Escreve às sextas-feiras.
Brasil: de marolinha para top risco
De país que só passou por uma marolinha na crise de 2008 para um dos maiores riscos de 2015.
É, o Brasil já foi melhor.
No relatório do Eurasia Group "Top Risks 2015", divulgado nesta semana, o Brasil aparece entre os 10 maiores riscos geopolíticos previstos para o ano.
Com o título "incumbentes fracos", a consultoria adverte que a presidente Dilma Rousseff, ao lado do presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, do presidente da África do Sul, Jacob Zuma, Goodluck Jonathan da Nigéria e Recep Tayyip Erdogan, da Turquia, foram reeleitos apesar de certa fadiga do eleitorado e vão enfrentar uma oposição fortalecida e grandes obstáculos para implementar suas propostas.
Todos esses líderes foram reeleitos com menos apoio do que era esperado e terão pouco cacife político para emplacar reformas necessárias e lidar com choques externos como o preço do petróleo, diz a consultoria.
Além dos "incumbentes fracos", os outros riscos para 2015 são: a política europeia e o avanço dos partidos anti-União Europeia; Rússia enfraquecida por sanções e baixos preços do petróleo; os efeitos da desaceleração da China; o crescente uso de instrumentos financeiros como armas de política externa; o Estado Islâmico se espalhando pelo Oriente Médio; ascensão de setores estratégicos favorecidos por governos; Arábia Saudita versus Irã e suas guerras terceirizadas; Taiwan e China, e a Turquia.
Segundo o relatório do Eurasia, a desaceleração da China vem em um momento particularmente ruim para o Brasil, que já enfrenta estagnação da economia.
"Começando seu mandato com passivos políticos substanciais, Dilma terá de cortar gastos e elevar impostos para compensar a queda de receita. Na medida em que a queda dos preços das commodities emperra o crescimento e leva à desvalorização do real, a presidente do Brasil vai se tornar mais impopular e mais fraca politicamente, tornando muito mais difícil para ela implementar as reformas macroeconômicas e tributárias."
Dilma disse no discurso de posse que o ajuste de contas vai ser feito com o mínimo sacrifício possível.
Aparentemente, a presidente está em estado de negação.
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