Paulistana, é repórter especial da Folha. Desempenhou várias funções desde que entrou no jornal, em 1987. Escreve às quintas.
O ano que nunca começa
RIO DE JANEIRO - Hoje deveria ser o primeiro dia útil de 2014. Como já é quinta-feira, não dá para começar nada para já ser interrompido no fim de semana. O ano então começa mesmo na segunda, dia 6.
O calor se anuncia desesperador, o Rio está e continuará lotado de turistas em janeiro e fevereiro. Para quem não trabalha na praia ou dentro d'água será muito difícil voltar à vida normal e conseguir produzir.
E a cidade se preparará para o Carnaval daqui a dois meses. A Quarta-Feira de Cinzas cai em 5 de março. O ano poderia começar na quinta, dia 6. Como ninguém é de ferro, deve começar de fato na segunda, 10 de março.
Aí não tem mais desculpa, todos à luta cotidiana. Mas estaremos a três meses da Copa do Mundo no Brasil. O evento mais importante e mais esperado dos tempos recentes.
O país inteiro, especialmente as 12 cidades-sede, estará na correria para arrumar a casa para receber milhares de visitantes. No dia 12 de junho, a seleção brasileira abre a Copa contra a Croácia no novo estádio do Itaquerão, em São Paulo.
O que mal tinha começado a engatar para de novo. Por um mês, tudo fica em compasso de espera. Até a final em 13 de julho, quando o mundo inteiro estará de olho no gramado do Maracanã e no Rio, que ensaia para a Olimpíada em 2016.
Então o primeiro dia para valer mesmo talvez passa a ser a segunda-feira, 14 de julho, o dia da queda da Bastilha, na Revolução Francesa. Pode nos inspirar, porque teremos de fazer as atribuições de um ano em seis meses. Coisa de perder a cabeça.
Mas, durante todos os dias do ano, milhares de candidatos –a presidente, governador, senador, deputado– estarão mesmo pensando em 5 de outubro, dia do primeiro turno das eleições. Terão um ano atribulado, que só começará a valer em 2015.
2014 será um ano de Copa e eleições, mas só vai começar mesmo quando acabar.
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