É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
e segundas-feiras.
Pelas beiradas
Ganso é o único armador do São Paulo. Ou a bola passa no seu pé esquerdo ou é difícil o meio-de-campo controlar o jogo. Depois de o São Paulo sofrer o gol contra de Antônio Carlos, Ganso seguia a recomendação de Muricy e deslocava-se pelos dois lados do campo. Receita de craques do passado, como Raí e Falcão, que achavam espaços puxando os marcadores para os cantos.
Ganso estava na meia-esquerda quando finalizou no ângulo e empatou o jogo por 1 x 1. Só recebeu a bola porque se movimentou. Se ficasse entregue à marcação de Ralf, jamais teria espaço para disparar o canhão de fora da área.
No momento do gol de empate, o São Paulo trocava passes sem imaginação, o Corinthians defendia-se, recuado desde os 10 minutos quando fez 1 x 0. O Corinthians apostava na falta de criatividade são-paulina, que tinha a bola, mas não achava o espaço. A lógica era essa até Ganso soltar o pé aos 38 do primeiro tempo.
O segundo gol não dependeu da posse de bola em espaços restritos. A essa altura o Corinthians só marcava. Foi Douglas, o lateral-direito, quem começou a jogada criada por Pabón, concluída por Luis Fabiano.
O segundo gol explica melhor o São Paulo atual do que o primeiro gol explicaria. O terceiro também. Osvaldo cruzou da esquerda, sem Ganso ajudar na organização. O São Paulo joga pelos lados e faz gols assim. Sofre quando precisa de seu meio-de-campo para abrir retrancas.
O Corinthians é o contrário. Com Guilherme e Bruno Henrique, seu meio-de-campo é mais consistente. Sofre mais é para transformar domínio territorial em gols e vitórias.
Sofrerá também para se classificar, porque o São Paulo, nas oitavas-de-final, pode até perder do Ituano, o que complicaria a vida do time de Mano Menezes no Grupo B –coisas do regulamento...
Mesmo assim e apesar da derrota, o Corinthians parece um pouco à frente na tentativa de mudar sua equipe. Tem um novo setor de meio-de-campo e isso é vital. Sem Jádson e com Renato Augusto, o Corinthians voltou ao 4-3-3, com Luciano fechando o espaço pela direita, Renato Augusto pela esquerda.
O São Paulo segue com dois atacantes pelos lados e só Ganso para organizar as partidas. Quando Ganso está marcado e os pontas não são confiáveis –nem sempre jogam como ontem–, o São Paulo sofre.
TABUS
Apesar disso, o Tricolor quebrou o primeiro tabu dos que deseja terminar no primeiro semestre. Venceu um clássico depois de 12 deles sem ganhar. Agora, precisa se aprontar para ganhar o Campeonato Paulista, jejum desde 2005.
Ainda não dá para confiar nem no São Paulo, dependente de seus pontas, nem no Corinthians.
A três semanas as finais do Campeonato Paulista, o Santos é o melhor time e o Palmeiras vem logo depois.
QUATRO DERROTAS
O Barcelona perdeu pela quarta vez no Espanhol. Desde 2009, o campeão não vence a Liga sofrendo tantas derrotas. Desde... o Barcelona. Em 2008/09, Guardiola começou a revolucionar o futebol, mas perdeu cinco vezes. É difícil repetir aquele feito, porque o Barcelona não está bem.
DIFICULDADE
Seedorf sofre em seu início de carreira como técnico. Escalou reservas contra a Udinese e perdeu. Acredita na virada nas oitavas da Liga dos Campeões em Madri, contra o Atlético. Não é fácil. Kaká é titular, Robinho não. Mas na seleção, até a Copa, é mais provável ver Robinho de amarelo que Kaká.
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