É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
e segundas-feiras.
O Corinthians parou
Se ganhar do Grêmio hoje, o Corinthians jogará a Libertadores de 2015. Não é matemático, mas é certeza. Não ter disputado o torneio continental neste ano foi uma das razões apontadas para o fracasso financeiro corintiano. Não foi só isso. O Corinthians do retorno da segunda divisão até o título mundial levou para a política um grito das arquibancadas: Não para, não para, não para.
Agora, parou!
Há dois meses, a penhora de uma conta de R$ 2,6 milhões provocou a interrupção das obras do centro de treinamento das divisões de base, ao lado do dos profissionais, na rodovia Ayrton Senna.
O dinheiro foi captado pela lei de incentivo. O Corinthians poderia ter oferecido outras fontes de receita, para impedir o bloqueio desse valor. Mas o clube preferiu não fazer isso.
O CT da base está parado.
Pense nos passos corintianos para sair da Série B e chegar ao título mundial. Primeiro, montou um time barato, campeão da Série B e vice da Copa do Brasil.
No ano seguinte, o clube contratou Ronaldo, tornou-se fenômeno de vendas de camisas e troféus de campeão. Com Ronaldo, levou o Campeonato Paulista invicto e a Copa do Brasil.
Ronaldo aposentou-se logo depois da derrota para o Tolima, em 2011. Com um time operário, o Corinthians ganhou a Libertadores e demonstrou que, no futebol, não existe estratégia de marketing tão forte quanto vencer.
Faltava uma coisa para seguir a trilha do Barcelona, exemplo citado por dirigentes do clube, de Luís Paulo Rosenberg ao ex-diretor de marketing Ivan Marques: faltava formar seus próprios craques.
Andres Sanchez admitiu seu fracasso ao deixar a presidência. Alegou que o centro de treinamento dos meninos mudaria a situação.
Só dois titulares atuais jogaram no sub-20: Fagner e Malcom. É igual ao São Paulo e ao Cruzeiro, mas menos do que o Corinthians imaginava fazer.
O projeto Corinthians começou a dar sinais de ruptura quando o vice Luís Paulo Rosenberg anunciou a saída da administração. Por cinco anos, a diretoria manteve convívio harmonioso entre os apelidados do Tatuapé e os engravatados da avenida Brigadeiro Faria Lima. Era como se, dentro de seus muros, o clube decidisse se abrir para o mundo.
Abriu-se tanto que o conquistou.
O velho Corinthians ameaça voltar. Ainda é difícil percebê-lo, porque o time reagiu, deixou de lado a síndrome de Robin Hood, parou de perder como visitante e está a duas vitórias da vaga na Libertadores.
O novo Corinthians, aquele campeão mundial, precisa de impulso. Mas só existirá quando juntar os corintianos mais inteligentes e capazes, sem preconceito de ser rico ou pobre, da zona leste ou da zona sul.
O Corinthians que sonhava revelar jogadores como o Barcelona não pode comprar e vender por indicação, como se tivesse a importância do Guapira.
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