É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
e segundas-feiras.
O único 100%
O gol nos acréscimos de Douglas Costa, com passe de Neymar, mantém o Brasil com onze vitórias consecutivas, o melhor início de um técnico na seleção desde Aymoré Moreira em 1961. Se vencer a Colômbia, quarta-feira, Dunga será recordista: doze vitórias seguidas no começo do trabalho, só Aymoré.
Daquela vez, a sequência foi interrompida com o 0 x 0 contra a Tchecoslováquia, jogo da lesão de Pelé na Copa do Mundo do Chile.
O Brasil também é a única seleção da Copa com 100% de vitórias pós-Mundial. A Alemanha perdeu duas vezes, a Argentina também, só Uruguai, Bélgica, Itália e Inglaterra estão invictas, mas todas empataram pelo menos um jogo.
O Brasil, não. Mas quase.
Editoria de arte/Folhapress |
Ontem, jogou mal pela terceira vez seguida. Ouviu a torcida do Peru gritar "Siete a Uno" a partir dos 16 minutos do primeiro tempo. E cantar "Olé!" no meio do segundo tempo.
O respeito acabou ou pelo menos está congelado até a próxima prova de força da seleção brasileira.
A discussão hoje não pode ser a qualidade dos resultados, mas do futebol.
Foi bom em Paris, onde venceu a França pela primeira vez desde 1992. Também foi satisfatório contra a Turquia, goleada por 4 x 0. Contra a Argentina, a vitória foi excelente, mas o Brasil passou sufoco e venceu com pênalti perdido por Lionel Messi.
O desejo de Dunga é montar uma equipe coletivamente forte, mas ela depende muito do talento de Neymar. E até mesmo o craque causa problemas. Em Temuco, Neymar perdeu dezessete vezes a bola no campo de ataque e foi o recordista de passes errados, com nove.
Um drible a mais, um passe a menos sempre dão chance ao adversário de puxar contra-ataque.
Em troca, Neymar começou e concluiu a jogada do primeiro gol e ofereceu o segundo para Douglas Costa.
Ele foi o melhor em campo, apesar dos erros. Foi o jogo, para o bem e para o mal.
A seleção peruana foi semifinalista da última Copa América, mas ficou em sétimo lugar nas eliminatórias, acima apenas de Bolívia e Paraguai. Não era para oferecer tanta dificuldade. Nem venceu ainda nos três jogos sob o comando de Ricardo Gareca.
Só que a primeira rodada da Copa América teve tropeços de Argentina e Colômbia, mau futebol do Uruguai, Brasil e Chile abaixo da expectativa. Tudo dá noção do equilíbrio que virá nas eliminatórias.
O futebol brasileiro não acabou, continua na elite do planeta, mas perdeu um pouco do parâmetro, que o torneio continental, sempre difícil, pode ajudar a devolver.
Especialmente se tiver Uruguai como adversário nas quartas de final e Argentina na semifinal, o desenho que a tabela permite imaginar.
Pode ser ainda mais: se a Argentina for segunda colocada de seu grupo, o clássico pode ser nas quartas de final. O Brasil vai precisar jogar mais.
O LÍDER
O São Paulo sofreu pressão em Chapecó, mas venceu com golaço de Souza, e assumiu a liderança, ajudado pela derrota do Atlético-PR. A vantagem pode ser ampliada, pois o próximo jogo é contra o Avaí, no Morumbi. Para o líder jogar em casa é uma vantagem.
EM CASA
Mas não tem sido bom para todos. No sexto jogo no Allianz Parque pelo Campeonato Brasileiro, na soma de 2014 e 2015, o Palmeiras venceu a primeira. Mas deu sinais de crescimento, com jogo mais rápido e pressão no Fluminense. É pouco. Mas pode ser o início.
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