É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
e segundas-feiras.
Linha de cinco defensores é nova tendência no futebol; e isso não é bom
Paul Ellis/AFP | ||
David Luiz e Willian comemoram o gol do meia na vitória do Chelsea sobre o Manchester City |
Guardiola tentou equilibrar o jogo contra o líder do Campeonato Inglês, o Chelsea, usando o mesmo desenho tático do rival. Não conseguiu. O Chelsea tem jogado num 3-4-3 que se transforma em 5-4-1 toda vez que perde a bola. Os dois alas, Moses e Marcos Alonso, recuam para a linha dos beques, os pontas, Pedro e Hazard, compõem o meio com os volantes Kanté e Matic -Fabregas jogou em Manchester, no sábado.
Em vez de duas linhas de quatro com um volante entre elas, como a seleção de Tite, ficam duas linhas, uma delas com cinco homens. Sem a bola, dois muros defensivos.
O sistema não é exatamente novo e a Juventus tricampeã italiana fazia o mesmo, com Antonio Conte. A novidade é Guardiola julgar que deveria fazer o mesmo para equiparar sua equipe à líder do torneio.
O Manchester City escalou Stones, Otamendi e Kolarov como zagueiros. Navas e Sané, os alas, fechavam a linha de cinco como laterais e os pontas, David Silva e De Bruyne, completavam os quatro do meio de campo.
No Barcelona, como jogador de Johan Cruyff entre 1988 e 1996, e depois como treinador de Lionel Messi, Guardiola usou o 3-4-3. Só que com um losango no meio de campo e sem pretender dois muros de proteção como na variação para 5-4-1 de sábado. Talvez por isso, o pecado do City contra o Chelsea foi não se compactar na defesa, como o rival fez.
A opção de Guardiola era ter o controle e jogar com três atacantes na maior parte do tempo. A estatística de posse de bola indicou 61% para o Manchester City e a maior parte dela no campo ofensivo. Significou dificuldade para os três avantes superarem os cinco zagueiros do Chelsea e oferta de contra-ataque para Diego Costa, Willian e Hazard resolverem.
Tem mais gente jogando assim. Na tarde de sábado, Borussia Dortmund e Borussia Mönchengladbach apresentaram-se exatamente com o mesmo desenho tático. O Gladbach comportou-se como o Chelsea. O Dortmund teve como antídoto a movimentação dos pontas, que se tornavam meias. O francês Dembélé estraçalhou o jogo e Marco Reus deu dois passes para gols. Neste caso, o ataque venceu a defesa.
Editoria de arte/Folhapress |
As variações do Chelsea |
Em vez de Vanderlei Luxemburgo, para quem não há nada novo no futebol mundial, é melhor a velha opinião de Telê Santana, para quem os jogos aparentemente inexpressivos sempre permitiam boas descobertas.
Nem todas são positivas.
Não é bom perceber que a tendência da temporada é ter times que jogam com três atacantes, mas transformam seus sistemas para bloquear todos os rivais com linhas de cinco defensores e quatro meio-campistas. Mais legal era seis anos atrás, quando se descobria em cada partida do Barcelona de Guardiola uma maneira diferente de usar seu maior craque.
Ora como ponta de lança, atrás de Ibrahimovic. Outra pela ponta direita, com Samuel Eto'o centroavante. Mais tarde, como falso nove, expressão que virou moda, abrindo espaços entre as linhas de defesa e meio de campo.
Nem tudo o que é novo é bom, mas muitas vezes leva às conquistas.
No caso da linha de cinco, nem novo é. Se virar tendência, será preciso descobrir rapidamente o seu antídoto.
A DIFERENÇA
Eduardo Baptista está mais para Tite do que para Cuca. Joga num 4-1-4-1, preza a posse de bola e a troca de passes. Com Cuca, o Palmeiras era mais direto. Outra mudança é o sistema de marcação. Com Cuca, individual no setor. Com Eduardo, será marcação por zona.
CAIO JÚNIOR
Jornalista não tem amigo. Tem fonte. Mas Caio foi um amigo, de ir à casa um do outro. Estava no melhor momento de sua carreira e o próprio dizia ter aprendido muito com seus estudos e experiências. Sua Chapecoense jogava como a seleção. Era moderna e ousada.
Livraria da Folha
- Coleção "Cinema Policial" reúne quatro filmes de grandes diretores
- Sociólogo discute transformações do século 21 em "A Era do Imprevisto"
- Livro de escritora russa compila contos de fada assustadores; leia trecho
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade