É jornalista desde os 18. Cobriu as Copas de 1994, 1998, 2006, 2010 e 2014. Hoje, também é comentarista. Escreve aos domingos
e segundas-feiras.
Perder o título para o maior rival é o pior cenário para o Corinthians
O Corinthians não pode perder para a Ponte Preta neste domingo (29) para não dar chance ao Palmeiras de empatar na liderança se vencer o Dérbi do próximo domingo (5). O empate em Campinas também é ruim. Neste caso, a distância na semana que vem pode cair para um ponto. Já foi de 17!
No Brasileirão, a maior virada foi a do Flamengo. Em 2009, estava 13 pontos atrás do Palmeiras a dez rodadas do fim. No dia 6 de dezembro, aos 23 minutos do segundo tempo, empatava com o Grêmio por 1 a 1. O Inter seria campeão e o São Paulo, vice. O gol de Ronaldo Angelim, aos 24 minutos, deu a taça ao rubro-negro.
Há incríveis histórias de mudanças repentinas nos destinos de campeonatos. O único registro com o Corinthians perdendo é o Robertão de 1969. Mas faltava só uma rodada, Palmeiras e Cruzeiro estavam um ponto atrás e a decisão foi em Minas. O Cruzeiro ganhou do Corinthians e o Palmeiras foi campeão.
Quase 48 anos depois, a pior coisa não é perder o campeonato que parece ganho. É perdê-lo para o Palmeiras.
Na Taça Guanabara, torneio independente do Campeonato Carioca, em 1968, o Flamengo empatou com o Botafogo e deu a volta olímpica. Só que ainda restava um jogo.
Se empatasse com o Bonsucesso no Maracanã, o Fla confirmaria o título.
Sem esperança, o Botafogo iniciou excursão pelo Nordeste. Na quinta-feira, precisou voltar às pressas para o Rio, para disputar jogo-extra pela taça. O Flamengo perdeu do Bonsucesso por 2 a 0.
Na finalíssima, Botafogo 4 x 1 Flamengo.
Em 1971, o Fluminense estava quatro pontos atrás, faltavam quatro partidas e as vitórias valiam dois pontos. O Botafogo estava folgado à frente e Paulo Cezar Caju posou para a revista Placar com a faixa de campeão.
O Fluminense venceu América, Vasco e Flamengo. Chegou à última rodada um ponto atrás. Lula fez o gol: Flu campeão 1 a 0 Bota.
Faltando cinco rodadas do Gauchão de 1962, o Inter tinha cinco pontos de vantagem. Perdeu do Guarany, em Bagé, enquanto os gremistas empatavam com o Cruzeiro de Porto Alegre. Quatro pontos e só mais quatro jogos. Título ganho!
Uma rodada antes do Grenal, a torcida colorada levou um caixão para esperar a delegação gremista voltar do jogo contra o Pelotas, no interior. A ideia era bloquear a passagem e obrigar o ônibus gremista a acompanhar o próprio enterro.
O Grêmio venceu. Ao mesmo tempo, em casa, o Inter perdeu para o Aymoré por 3 a 1. Dois gols de Paulo Lumumba, emprestado pelo Grêmio.
O Inter, mesmo assim, seria campeão com empate no Grenal. Perdeu por 2 a 0. Ainda foi necessário jogo-extra. Imagine a pressão nas costas dos jogadores colorados... Grêmio campeão: 4 a 2.
Assim como no Gauchão de 1962, o pior cenário hoje não é perder o título quase ganho. É perdê-lo para o maior rival. Daí a necessidade de o Corinthians vencer a Ponte e manter a distância de seis pontos, antes do Dérbi do próximo domingo (5).
Há 75 anos, o Palmeiras mudou de nome e apelidou o primeiro troféu pós-Palestra de Arrancada Heroica. Detalhe: liderou desde o fim do primeiro turno. Não precisou arrancar como os palmeirenses imaginam ser possível em 2017.
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