renata lo prete
escreveu até março de 2001
Renata Lo Prete, jornalista, entrou na Folha em 1986, no caderno "Ilustrada". Foi editora-adjunta de "Mundo", editora de "Ciências" e, em 1998, assumiu o cargo de ombudsman, que ocupou por três anos. Foi ainda editoria da coluna Painel, publicada diariamente no caderno "Poder".
Pesos e medidas
Pelo que ouvi nos últimos dias e apenas parte dos protestos chegou à ombudsman, enquanto outra foi bater diretamente na Redação, a Folha terá de suar a camisa para recompor relações com os palmeirenses de seu leitorado.
Com veemência característica de manifestações sobre futebol, eles acusam o jornal de ter subestimado a conquista da Taça Libertadores da América. Estão cobertos de razão.
Para evitar mal-entendidos, vale a pena registrar que não sou torcedora do time em questão. Um pouco de bom senso e interesse pelo esporte bastam para verificar que a Folha errou a mão nessa cobertura. Na capa de quinta-feira, dia 17, a vitória do Palmeiras sobre o Deportivo Cali não teve destaque maior do que o geralmente dado a clássicos de meio de campeonato.
Na disposição dos assuntos na página, a notícia foi equiparada à da quebra do recorde dos 100 m. Não se trata de diminuir o significado dessa marca. É a prova mais nobre do atletismo.
Mas, para o público local, não há como compará-la a esse título da Libertadores, que é:
a) talvez o mais cobiçado pelas equipes brasileiras;
b) o mais importante da história do Palmeiras; c) a jóia da coroa da chamada "era Parmalat" no clube.
"A Folha é mesmo de São Paulo?", perguntou um leitor. Outros jornais registraram os 100 m, mas deram clara prioridade ao futebol. Acertaram.
A ira aumentou diante da maior visibilidade conferida ao título paulista, menos relevante, obtido pelo Corinthians no domingo passado.
Vá convencer o torcedor de que houve, no caso do Palmeiras, erro de avaliação, e não o propósito de perseguir o time. O estrago está feito.
No topo das reclamações apareceu o pôster das duas equipes campeãs. O do Corinthians circulou na totalidade da edição. O do Palmeiras, de péssima qualidade técnica (a foto era quase um borrão), só nos jornais da capital.
É possível explicar a essas pessoas que, devido ao horário em que foi realizada a final da Libertadores, era inviável incluir a cobertura em todos os exemplares da quinta-feira.
Mas não há o que dizer às que perguntam por que, então, a Folha não distribuiu o pôster no interior e em outros Estados na sexta. Isso poderia e deveria ter sido feito. O leitor da edição Nacional já é bastante prejudicado, seja pela falta de certos cadernos, seja pela temperatura mais baixa do noticiário. São limitações, de ordem comercial e industrial, que a Folha argumenta não ter como contornar.
Só falta esse leitor ser privado também de coisas que o jornal tem plenas condições de oferecer.
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