Foi secretário de Redação da Folha. Entre outras funções, foi editor da coluna "Painel" e do caderno "Cotidiano".
Natação na Sabesp
SÃO PAULO - O governo Alckmin continua a tratar a crise da água em São Paulo com ar meio blasé, como se o problema –nunca as represas estiveram tão vazias– fosse um transtorno passageiro.
A campanha publicitária contra o desperdício é tímida. Os dirigentes da Sabesp evitam dar entrevistas e costumam reagir laconicamente, com pequenas notas, quando algum estudioso faz críticas à empresa. O próprio Alckmin trata do tema com piadinhas sobre os "gastões" ou com frases como "o pior já passou".
Na segunda (8), por exemplo, a urbanista Marussia Whately traçou na Folha um cenário bastante preocupante. Disse que a quantidade de água hoje nos reservatórios é suficiente para apenas cem dias. "Se chover na média [nos próximos meses], teremos problemas. Se chover menos, será o caos."
No mesmo dia, o astral era completamente diferente na página da Sabesp na internet: "Atletas de natação do Esporte Clube Pinheiros conquistam medalhas em Mundial", dizia uma das manchetes.
O relativo desdém do governo sobre a crise, inversamente proporcional ao que se ouve em conversas reservadas na própria administração, é, sim, um problema, considerando que a retração do consumo é fundamental para enfrentar a situação.
Em novembro, a economia de água na Grande SP foi de 4.100 litros por segundo, valor equivalente ao que a Sabesp pretende obter (4.700 litros) a partir de 2017, a um custo de R$ 2,2 bilhões, com a construção do sistema São Lourenço.
Se o governo tivesse sido mais assertivo, a economia não teria sido muito maior? Hoje, um quarto da população está gastando mais água do que no ano passado.
Mais do que isso. No final de 2013, um estudo feito por três secretarias alertou que "uma seca teria impactos econômicos e sociais enormes sobre o Estado". Se o governo tivesse tomado providências um ano atrás, a situação seria tão crítica hoje?
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