É consultor de comunicação. Foi editor de "Dinheiro" e "Mundo".
De gerente a general
Depois de passar o rolo compressor pelos bancos privados, o governo Dilma volta-se agora contra as empresas de telefonia para exigir melhorias no serviço privatizado pelos tucanos em 1998 .
Ok, não foi o governo que emparedou as teles, foi a Anatel. Mas o ministro Paulo Bernardo saiu logo em apoio à agência reguladora da telefonia que, segundo seus críticos, já teve dias mais independentes.
Se a blitzkrieg telefônica vai dar certo, não sabemos, mas a guerra da telefonia, como a guerra dos juros, é também uma grande jogada de marketing político. Os bancos e as empresas de telefonia lideram os rankings de reclamação do Procon. Outro líder da lista são os planos de saúde, contra os quais o governo agiu recentemente suspendendo operadoras em algumas regiões do país. A gerente parece cada vez mais um general (ou uma generala).
O governo Dilma e as agências reguladoras têm bons motivos para questionarem setores que lideram rankings de reclamações dos historicamente desprotegidos consumidores brasileiros. Coincidentemente, são batalhas extremamente populares em todas as camadas da população. Bingo! Depois do juro mais baixo, a telefonia melhor, o plano de saúde mais generoso... Mesmo se o PIB não ajudar, a campanha de reeleição já tem grandes bandeiras.
Quem serão os próximos alvos da gerente general? O ranking do Procon pode ajudar a responder. Mas seria muito bom se governo e agências usassem seus canhões também na defesa dos consumidores dos serviços públicos de segurança, saúde, educação, saneamento básico, para ficar só nos básicos. Quantas reclamações estes serviços teriam no Procon? Quantas multas teriam de pagar? Quantos investimentos teriam de fazer para darem atendimento minimamente razoável à população, que compulsoriamente contrata seus serviços ao pagar os pesados impostos?
Diante da debilitadora ineficiência do setor público, Dilma parece uma gerente impotente, quando deveria ser general. Não há guerra mais relevante no país hoje do que a guerra pela eficiência do Estado brasileiro.
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