Foi a ombudsman da Folha por quatro anos, de abril de 2010 a abril de 2014. No jornal desde 1987, foi Secretária de Redação na área de edição, diretora de Revistas e editora de "Cotidiano".
Pedidos de Ano Novo
Quando assumi o cargo de ombudsman, em abril, eu me propus a buscar o "leitor real", aquele que não costuma escrever para jornal porque, embora tenha críticas, não encontra tempo de encaminhá-las.
Sem desmerecer os que ajudam o trabalho do ombudsman diariamente, considero importante dar espaço ao leitor silencioso. Com a ajuda de Anna Carolina Cardoso e Nádia Guerlenda Cabral, entrevistamos 142 pessoas, sorteadas entre os assinantes. Elas comentavam as notícias do dia e faziam sugestões, repassadas à Redação na crítica interna -relatório diário em que o ombudsman avalia a edição.
Não há valor estatístico nesse levantamento caseiro, mas algumas demandas foram recorrentes. As mais relevantes estão a seguir, organizadas em uma lista de pedidos para a Folha em 2011.
VALORIZAÇÃO DOS COLUNISTAS
O grande time de colaboradores é o que mais chama a atenção dos leitores. Todo o mundo tem os seus favoritos e os "desafetos", mas a diversidade é sempre elogiada. "O aumento de colunistas foi bom, deu uma variada, saiu um pouco do tradicional. Gosto do Fabio Barbosa, Nizan Guanaes, Gustavo Cerbasi.
Não gostei tanto que o Palocci tenha entrado nem que o Sarney continue a escrever". (Vinicius Ceschin, 28, analista sênior de marketing)
PROFUNDIDADE
Quem opta por se informar pelo jornal não perdoa textos rasos, que não contextualizam ou não questionam duramente as autoridades. "Precisa pegar o cerne de cada questão, aprofundar e dizer por que as coisas dão errado. Tem que dar algo diferente do on-line. Perguntar mais porquês e relatar menos. A dificuldade do jornal hoje está entre equilibrar uma cobertura não muito densa e não muito rasa." (Antonio Matias Ferreira Junior, 43, administrador de empresas)
ISENÇÃO POLÍTICA
Muitos leitores reivindicam que o jornal volte a um equilíbrio político que julgam ter sido afetado durante a cobertura eleitoral. "Gostaria que a Folha fosse menos tendenciosa nas próximas eleições. Várias manchetes falando do Lula, da Dilma, e nada do Serra. Quando faltavam 20 dias para o pleito, melhorou, mas ficou marcada essa postura." (Adriana de Paula Rosa, 49, professora)
MAIS ANÁLISES
Há uma aprovação geral aos textos de especialistas, desde que ajudem a entender o factual sem emitir opinião. "O aumento das análises que acompanham as matérias é um ponto forte do jornal." (Ricardo de Toledo Soares, 45, bancário)
TEM QUE SER DIDÁTICO
Nada frustra mais o leitor do que atravessar um longo texto e concluir que não entendeu direito o noticiado. "Há situações em que a reportagem não explica a questão para o leigo, principalmente temas processuais, o que é um mandado de segurança, uma antecipação de tutela... Esses termos do juridiquês poderiam ser mais bem explicados." (Otávio Pinto e Silva, 46, professor de direito da USP)
MUITA SAÚDE
Homens e mulheres se interessam por doenças, bem-estar, dietas e exercícios. "Sempre recorto as matérias de Saúde e levo para os médicos. Minha família usa, porque os assuntos vão do deficit de aprendizado à morte." (Vitória Bergamasco, 66, professora aposentada)
MAIS NOTAS CURTAS
Há uma predileção por colunas que informam em poucas linhas, sem enrolação. FolhaCorrida, painel político e Mônica Bergamo estão entre os preferidos. "Ajuda muito quando não dá tempo de ler o jornal todo." (Fernando De Angelis Neto, 75, agrimensor)
MENOS PROPAGANDA
Esse ponto é quase unanimidade entre os leitores. "A publicidade não pode ser mais importante que a notícia. As sobrecapas são horríveis! O primeiro caderno vem com páginas demais de anúncios." (Darlene Dias Silva, 49, assistente social)
MAIS OPINIÃO DE LEITOR
O painel da página 3 é muito citado. "Gosto de comparar minha opinião com a dos outros, para ver se algum comentário bate. Vibro quando isso acontece." (Anna Paula Marinelli, 41, empresária)
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