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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Tostão: Está ruim há muito tempo

DE SÃO PAULO

Vários jogadores, veteranos e/ou experientes, estarão fora da Copa. Ronaldinho, Kaká e Robinho estão em nítido declínio técnico. Felipão fez bem em não convocá-los. O italiano Totti e os ingleses Terry e Andy Cole são outros ausentes. Terry deveria ir, pois é, ainda, o melhor zagueiro inglês. Já o veterano armador Lampard, decadente, está entre os 23.

O experiente Tévez é outro ausente. Ele seria reserva. Imagino que Sabella, assim como Felipão, não gosta de jogador muito famoso no banco, ainda mais Tévez.

Muitos acham que falta experiência à seleção brasileira. Não vejo assim. Quase todos atuam nas melhores equipes do mundo. Além disso, como disse Pedro Nava, "a experiência é como um farol de carro iluminando para trás".

Sempre que uma grande equipe entra em declínio, pedem a aposentadoria dos veteranos, mesmo que eles joguem melhor que os mais jovens. Assim como todo time do Barcelona, Xavi esteve, nessa temporada, muito longe de seus melhores momentos. Porém, foi superior a Fàbregas, sempre escalado pelo técnico. Se o veterano e excepcional Buffon engolir um frango, e a Itália perder, dirão que ele é um ex-jogador em atividade, mesmo sendo brilhante durante todo o ano.

Mudo de assunto. No sábado, veremos a final da Liga dos Campeões da Europa. O repertório do Real Madrid é muito maior, mas, às vezes, o time não usa todo o repertório. Já o Atlético de Madri atua sempre no limite físico e técnico. É sua grande qualidade.

Pena que um time brasileiro não estará no Mundial, para enfrentar o Real ou o Atlético. Não é um mau momento das equipes brasileiras. Estão ruins há muito tempo, dentro e fora de campo, sob comando e cumplicidade da CBF. Para o serviçal Parreira, a CBF é o Brasil que deu certo.

VOLTAS DA VIDA

Ganso tem jogado muito bem, não se limitando a um pequeno espaço pelo centro, onde é mais facilmente marcado. Deveríamos tratá-lo como um bom jogador do presente, que pode evoluir e se tornar, pós-Copa, titular da seleção, em vez de enxergá-lo como uma miragem, um supercraque, o que ele nunca foi, de um passado recente.

A trajetória de Ganso me faz lembrar a de um paciente, quando eu era médico, que passou grande parte da vida em depressão, mesmo sendo tratado por ótimos especialistas. Não estou dizendo que Ganso tem depressão. Um dia, a mulher que ele amava, cansada da tristeza do companheiro, foi embora. Ele entrou em pânico, decidiu mudar de vida, melhorou da depressão e ainda reconquistou a mulher.

Quem sabe o momento em que Ganso não viu seu nome na lista para a Copa, mesmo sabendo que não estaria, tenha sido o gatilho, o susto, o grito, que precisava para reinventar sua carreira? Os seres humanos têm necessidade de algo simbólico, marcante, para internalizar e iniciar um novo ciclo.

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