Tostão

Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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Tostão

Derrota histórica

Se um ET assistisse ao jogo de ontem, sem saber em que país estava, sem conhecer a cor da camisa de cada seleção e tivesse detalhadas informações sobre a história do futebol, diria, após a partida, que o Brasil, o país do futebol, o da camisa rubro-negra, mostrou toda a magia, a técnica e a fantasia de seus jogadores, além de dar um show de talento coletivo.

O hexa não chegou, contrariando o que estava escrito no ônibus da seleção brasileira. A taça escapou, contrariando a frase dita por Parreira, de que o Brasil estava com ela nas mãos. O Brasil perdeu, pior, de goleada, para contrariar Felipão, que tinha dito que ganhar o Mundial era obrigação e que a seleção seria campeã.

A desculpa de que perdeu pelas ausências de Thiago Silva e de Neymar não faz nenhum sentido, diante da enorme superioridade alemã. A entrada de Bernard foi uma decisão desastrosa, prepotente, porque, mesmo se Neymar estivesse presente, o Brasil teria de reforçar o meio-campo, principal qualidade da Alemanha.

Foi uma tragédia. Triste, muito triste, a maior derrota de toda a história da seleção brasileira. De consolo, quem sabe, sirva para que haja grandes mudanças, para valer, dentro e fora de campo, desde as categorias de base. É preciso haver uma mudança de conceitos e diminuir a promíscua troca de favores, uma praga nacional, que assola o futebol e o país.

O interessante é que os alemães não comemoraram a goleada histórica com a emoção que se esperava. Eles não são frios. São emotivos. Penso que estavam felizes e também constrangidos, por fazerem gols na mística seleção brasileira, que tanto admiram.

Os jogadores, Felipão e a comissão técnica têm de ser criticados por erros técnicos, mas não devem ser massacrados. Eles trabalharam com seriedade e fizeram tudo para o Brasil ser campeão.

"...Depois da hora radiosa a hora dura do esporte, sem a qual não há prêmio que conforte, pois perder é tocar alguma coisa mais além da vitória, é encontrar-se naquele ponto onde começa tudo a nascer do perdido, lentamente" (Carlos Drummond de Andrade).

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