Vaivém das Commodities
Por Mauro Zafalon
Mauro Zafalon é jornalista e, em duas passagens pela Folha, soma 40 anos de jornal. Escreve sobre commodities e pecuária. Escreve de terça a sábado.
Pecuária argentina melhora, mas está longe do pico
Os argentinos começam a voltar ao mercado de carne bovina. Produção, consumo interno e exportações estão em alta neste ano. As vendas externas atingiram 24 mil toneladas em outubro, o maior volume mensal em três anos.
Já a produção interna supera 2,3 milhões de toneladas até novembro, 10% mais do que em igual de 2012. Os dados são do IPCVA (um instituto de promoção da carne bovina na Argentina).
O instituto mostra, ainda, que o consumo interno per capita retornou a 61 quilos por ano, após ter caído para 56,6 em 2011. Apesar dessa melhora nos indicadores, os dados atuais do setor estão bem distantes do de quando o país era importante no mercado externo.
Na segunda metade da década passada, os argentinos chegaram a produzir 3,4 milhões de toneladas de carne por ano e a exportar 851 mil toneladas. As exportações deste ano se recuperam, mas estão em 182 mil toneladas.
Três fatores levaram a pecuária argentina a uma situação difícil nos últimos anos: seca, intervenção do governo e concorrência dos grãos. O rebanho, que caiu para até 48 milhões de cabeças em 2011, já está em 51 milhões de cabeças, mas ainda bem distante dos 58 milhões de 2007.
A recuperação terá de ser com muita produtividade e aumento de qualidade. No período de "vacas magras" para o setor, boa parte das terras de pastagens foi para a produção de grãos, com remuneração melhor.
O volume exportado de carne bovina cresce na Argentina, mas os preços médios do setor não se recuperaram. As exportações de outubro foram feitas, em média, a US$ 4.850 por tonelada, o menor valor desde o início de 2010, conforme o IPCVA.
Luiz Carlos Murauskas - 9.jun.07/Folhapress | ||
Vista do pasto com o gado na Fazenda Garnero, onde a pecuária perde espaço devido à valorização das terras, em Córdoba (Arg) |
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Cooperativas As exportações somaram US$ 5,3 bilhões até outubro, 2,7% mais do quem em igual período de 2012. As importações, ao somar US$ 332 milhões, tiveram ritmo maior: mais 10%.
Boi gordo A oferta é pequena, e o preço à vista é de R$ 109,50 por arroba. As indústrias resistem em elevar o valor pago pelo animal, aponta a Scot Consultoria. Pesquisa da Folha indica preço médio de R$ 109.
Efeito agrícola Safra maior e aumento na produção de máquinas agrícolas fizeram a sueca SKF do Brasil obter o melhor resultado nas vendas de peças para fabricantes de máquinas agrícolas dos últimos cinco anos: mais 35% neste ano.
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Petrobras faz parceria com a Embrapa em etanol
Petrobras e Embrapa assinaram ontem um termo de cooperação técnica para o desenvolvimento de tecnologias para a produção de cana-de-açúcar no Rio Grande do Sul.
O projeto, que terá investimento de R$ 5,5 milhões, visa ampliar a produção de cana para o mercado de etanol, que também continua avançando na segunda geração.
A Raízen deu início ontem à construção de sua primeira fábrica de etanol celulósico (feito com bagaço e palha da cana). Com investimento de R$ 230 milhões, a unidade será integrada à usina Costa Pinto, em Piracicaba (SP).
Voltada ao mercado interno, a produção deve ter início no segundo semestre de 2014 com 40 milhões de litros anuais. A Raízen espera, em dez anos, atingir 1 bilhão de litros de etanol celulósico.
Com TATIANA FREITAS
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