Vaivém das Commodities
Por Mauro Zafalon
Mauro Zafalon é jornalista e, em duas passagens pela Folha, soma 40 anos de jornal. Escreve sobre commodities e pecuária. Escreve de terça a sábado.
Acordo Cargill-Copersucar eleva concentração no comércio de açúcar
TATIANA FREITAS (interina)
A Copersucar, maior exportadora de açúcar do Brasil, e a multinacional Cargill anunciaram ontem um acordo para unir as suas operações de comercialização da commodity em uma nova empresa.
Fechado em um momento de margens apertadas no setor, o acordo deve gerar economias e ganhos de escala para as empresas, que têm negócios complementares.
Em um mercado altamente competitivo, disputado por grandes tradings internacionais, o diferencial da Copersucar é o acesso à matéria-prima. Ela une a produção de 47 usinas sócias e 50 usinas parceiras em um sistema integrado de logística, transporte, armazenamento e vendas.
Já o acesso aos importadores não seria tão fácil. "A minha impressão é que ela não estava conseguindo dar destino ao açúcar na mesma proporção dos volumes que conseguia na origem", afirma Gustavo Corrêa, sócio da consultoria FG/Agro.
Segundo ele, a quantidade de açúcar entregue pela Copersucar na Bolsa de Nova York chamava a atenção, o que pode sinalizar dificuldades na venda de todo o produto aos importadores.
A Cargill, por sua vez, destaca-se pela enorme capacidade logística em várias regiões do mundo. Desde que o negócio de açúcar começou a dar prejuízo à multinacional, em 2011, a companhia tirou o pé desse mercado.
O acordo, portanto, deve acelerar o processo de internacionalização da Copersucar, ao mesmo tempo em que possibilita à Cargill o retorno à posição de liderança no setor. Pela complementaridade dos negócios, analistas destacaram o alto potencial de geração de valor dessa operação para ambas.
As consequências para o resto do mercado não devem ser tão positivas, uma vez que a transação transforma duas grandes comercializadoras rivais em uma nova empresa, de porte ainda maior.
Para Julio Maria Borges, da Job Economia e Planejamento, os vendedores de açúcar -preferencialmente as usinas não associadas à Copersucar- ficarão em uma situação "mais vulnerável".
"Esse processo de concentração no setor é desvantajoso para os menores, que cada vez mais perdem poder de negociação", afirma.
A tendência, diz ele, é que acordos como esse se intensifiquem em toda a cadeia.
A criação da nova joint venture entre Copersucar e Cargill, que será divida em partes iguais, precisará ser aprovada por autoridades regulatórias -a expectativa é que o processo seja finalizado no segundo semestre.
O nome da nova empresa, que terá sede em Genebra, na Suíça, será anunciado quando a transação for concluída. Os negócios de etanol e os ativos das duas empresas, como usinas e terminais, não fazem parte do acordo.
A presidência da trading será ocupada por Ivo Sarjanovic, que hoje lidera o negócio global de açúcar da Cargill. A área operacional terá a liderança de Soren Hoed Jensen, atual diretor comercial da Copersucar. Luis Roberto Pogetti, presidente do conselho de administração da Copersucar, será o primeiro presidente rotativo do conselho da nova empresa.
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