Vaivém das Commodities
Por Mauro Zafalon
Mauro Zafalon é jornalista e, em duas passagens pela Folha, soma 40 anos de jornal. Escreve sobre commodities e pecuária. Escreve de terça a sábado.
Oferta menor pressiona preço da carne bovina
Os preços da carne bovina caminham para o lado oposto do dos grãos. Enquanto as primeiras estimativas mundiais de safra de cereais indicam um cenário favorável, a produção de carne patina e sustenta os preços externos.
Abate reduzido e peso menor dos animais em alguns dos grandes produtores se confrontam com a forte demanda externa. O resultado são preços recordes.
Um dos primeiros países a mostrar sinais de retração na produção de carnes, a Argentina teve redução de 1% nos abates do primeiro semestre ante o mesmo período de 2013.
Enrique Marcarian - 1º.fev.2012/Reuters | ||
Gado em Totoras, na Argentina; abates do país caíram 1% no primeiro semestre do ano |
A oferta de carne caiu mais, 3,5%, devido ao peso menor dos animais.
Estimativas da Ciccra (câmara da indústria e comércio de carne no país) indicam que a produção dos primeiros seis meses caiu para 1,33 milhão de toneladas.
Desse volume, 94% foram consumidos no mercado interno, e o restante, negociado no mercado externo. As exportações caíram, no entanto, 16% em relação às de igual período anterior.
Oferta menor e preços aquecidos fazem o consumo cair na Argentina. Há cinco anos, era de 68 quilos por pessoa. Neste ano, é de 59.
Os EUA vivem cenário parecido com o da Argentina. Antecipação de abates, devido à seca em várias regiões produtoras, trouxe o rebanho para um dos menores patamares nas últimas décadas.
A produção de carne bovina deverá cair 5% neste ano, segundo estimativas do Usda (Departamento de Agricultura). Voltará a recuar em 2015, embora em ritmo menor: 1%.
Com preços recordes, a presença da carne bovina é menor nos lares dos norte-americanos, que deverão consumir 4% menos neste ano. A queda continua em 2015.
Tradicional fornecedores de carnes ao mercado externo, os EUA diminuem as exportações deste ano em 3%, percentual inferior ao de 2015, quando a queda será de 4%.
O Brasil, por ora, anda na contramão. As exportações do primeiro semestre cresceram para 762 mil toneladas, com alta de 13% ante igual período do ano passado.
Os dados são da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne), que anunciou também um recorde no faturamento.
De janeiro a junho, as receitas com as vendas externas de carne subiram para US$ 3,4 bilhões, um valor até então não registrado nesse período.
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A volta Os Estados Unidos deverão participar com 36% da safra mundial de milho em 2014/15. Ao atingir esse percentual, o país retoma os patamares anteriores, após descer para apenas 32% em 2012/13, devido à forte seca nas regiões produtoras.
Brasil A presença menor dos EUA na produção mundial fez o Brasil elevar para 9% a participação no volume mundial de 2012/13, percentual que deve voltar para 7,5% na safra 2014/15.
China O país asiático, com o aumento contínuo de produção, vem melhorando a participação global. Nesta safra, os chineses terão 23% do volume mundial, segundo a RC Consultores, com base em dados do Usda (Departamento de Agricultura).
Os dados Liderando, os norte-americanos deverão produzir 352 milhões de toneladas; os chineses, 222 milhões; e os brasileiros, 74 milhões. A produção mundial de milho da safra 2014/15 está estimada em 981 milhões de toneladas, para um consumo de 966 milhões.
Estoques A recuperação da produção na safra 2013/14 já permitiu uma recomposição dos estoques mundiais de milho para 168 milhões de toneladas, 37% mais do que em 2012/13.
Ainda maior Apesar da ligeira elevação no consumo, os estoques finais da safra 2014/15 deverão crescer 12% em relação aos desta safra que se encerra, de acordo com avaliação da RC Consultores.
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