Vaivém das Commodities
Por Mauro Zafalon
Mauro Zafalon é jornalista e, em duas passagens pela Folha, soma 40 anos de jornal. Escreve sobre commodities e pecuária. Escreve de terça a sábado.
Alimentos têm primeira queda em um ano e SP
Pela primeira vez, em um ano, o preço dos alimentos tem queda em São Paulo. No setor de produtos "in natura", como verduras e legumes, houve uma melhora na oferta, permitindo a baixa.
Já os produtos industrializados mantêm alta, mas em ritmo bem menor, uma vez que a inflação ascendente diminui o poder aquisitivo dos consumidores.
A variação média dos preços dos alimentos praticados no varejo paulistano nos últimos 30 dias até 23 deste mês registrou deflação de 0,27%. A inflação geral foi de 0,67%.
Os dados são da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), que havia apontado alta de 0,77% nos preços dos alimentos em julho.
A alta nos preços dos alimentos industrializados ocorre devido à pressão dos derivados de leite, de carnes e panificados. A forte redução de preços de algumas commodities, no entanto –entre elas a soja–, tem permitido queda também em alguns produtos industrializados, como o óleo de soja. Esse produto está com redução de preços há três meses.
Outros itens, como o café, tiveram repasse de preço feito pelas indústrias, devido ao sobe e desce da matéria-prima. O café em pó teve alta de 2,7% em 30 dias.
Uma das bases da redução média dos preços dos alimentos foram os semielaborados. As carnes foram as que tiveram as principais quedas de preços nesse setor. A bovina caiu 0,92%; a suína, 2,15%, e a de frango ficou estável.
Os hortifrútis também auxiliaram na queda dos alimentos. Os pesquisadores da Fipe constataram redução de 4,8% nos preços dos legumes; 2,22% nos de verduras, e 6,30% nos de tubérculos (batata e cebola).
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Embrapa e Basf colocam soja transgênica no mercado
Embrapa e Basf lançaram nesta segunda-feira (25) a primeira soja geneticamente modificada totalmente desenvolvida no Brasil: a Cultivance.
Com a aprovação do produto na União Europeia há algumas semanas, foi possível o início da produção de sementes e a comercialização na safra 2015/16.
As duas empresas colocam no mercado quatro cultivares de soja geneticamente modificadas, que será comercializada em oito Estados e no Distrito Federal. A partir de 2016, novas cultivares deverão ser lançadas.
Os investimentos das duas empresas somaram US$ 33 milhões no melhoramento genético, estudos científicos conduzidos em laboratório para comprovar a segurança alimentar da nova soja e estudos de campo para amparar o processo de registro mundial, além do herbicida.
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Área de transgênicos avança, mas problemas aumentam
O Brasil deverá ter uma área de 44,2 milhões de hectares com a adoção de biotecnologia no plantio da safra 2015/16. Se confirmada, essa área aumentará 3,9% em relação à da safra anterior.
Esses números são da consultoria Céleres e levam em consideração as culturas de soja, milho e algodão. Pelo menos 91% das áreas dessas três culturas já são feitas com variedades transgênicas.
Na próxima safra, aumentam as opções de produtos geneticamente modificados, como o da própria Embrapa e Basf.
Um dos problemas, no entanto, é que algumas das tecnologias que têm genes com resistência a insetos já sofrem falhas no campo, segundo os produtores. Já na área de herbicidas, aumenta o número de plantas que apresentam resistência a esses produtos.
A área com produtos geneticamente modificados era de 4,7 milhões de hectares em 2003/04, deslanchando a partir de 2009/10, quando atingiu 21 milhões de hectares.
Mercado Após as quedas de segunda-feira (24), devido à China, o mercado de commodities teve alterações menores de preços nesta terça (25). Trigo e milho caíram em Chicago, afetados pela valorização do dólar. Já a soja subiu 0,2%.
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