Vaivém das Commodities
Por Mauro Zafalon
Mauro Zafalon é jornalista e, em duas passagens pela Folha, soma 40 anos de jornal. Escreve sobre commodities e pecuária. Escreve de terça a sábado.
Crédito difícil é uma maiores preocupações do produtor
O crédito entrou no foco das preocupações dos produtores. Pouco presente nas avaliações de mercado até o ano passado, o item está entre as quatro principais preocupações agora, conforme pesquisa trimestral do índice de confiança do produtor.
A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e a OCB (Organização das Cooperativa do Brasil), responsáveis por essa pesquisa que mede a confiança do produtor, foram a campo para verificar especificamente essa preocupação do produtor com o crédito.
Antonio Carlos Costa, gerente de Agronegócio da Fiesp, diz que o objetivo é produzir informações para uma melhor compreensão desse mercado, principalmente porque este é um ano de difícil avaliação.
Para Costa, "a preocupação do produtor com o crédito cresceu no terceiro trimestre e deve perdurar pelo resto do ano, devido aos custos".
A alta do dólar e o consequente aumento de preços dos insumos vão exigir mais capital próprio.
O levantamento da Fiesp e da OCB sobre crédito, denominado Sondagem de Mercado do Agricultor, realizado em julho, apontou que o produtor deverá entrar com 35% de capital próprio no financiamento da safra 2015/16.
Os bancos públicos colocarão 37% e os outros 28% virão de bancos privados, cooperativas de crédito, cooperativas, revendas, tradings e indústrias de insumos.
Os bancos públicos participam mais nos financiamentos a produtores de grãos, enquanto as cooperativas injetam mais dinheiro nas culturas perenes. Neste último caso, o café é um dos principais responsáveis.
A pesquisa mostrou ainda que o crédito dos bancos públicos tem uma participação maior no Paraná do que em Mato Grosso. Já o banco privado age mais em Mato Grosso do que no Paraná. O mesmo ocorre com as tradings.
Quanto às cooperativas, a participação delas é mais intensiva no Paraná.
Costa diz que uma série de fatores determinaram uma mudança no comportamento do produtor neste ano, que atrasou a compra de sementes, defensivos e fertilizantes.
O crédito esteve mais comprimido até junho. Além disso, o produtor aguardava as novas regras do Plano Safra, principalmente as com relação à taxa de juros.
Por questões cambiais, o produtor esperou mais para a comercialização da safra.
Esses fatores levaram a uma postergação de compras. As de fertilizantes para esta safra estavam em apenas 55% no primeiro semestre deste ano, bem abaixo dos 67% de igual período da safra 2014/15.
No mesmo período, a compra de sementes atingiu 56% neste ano, ante 65% da safra anterior. No caso dos defensivos, as compras acumuladas no primeiro semestre da safra 2015/16 atingiram 46% do total a ser utilizado pelo produtor, abaixo dos 57% adquiridos no ano anterior.
O estudo da Fiesp e da OCB mostra que o aperto do crédito vai afetar também a dosagem de fertilizantes a ser utilizado pelo produtor.
Pelo menos 13% disseram que vão reduzir a utilização de adubo nas lavouras. Os números do estudo indicam que a dosagem média de 2015/16 será de 478 quilos por hectare, ante 490 na anterior.
Essa mudança nos períodos de compra dos insumos vai exigir um acerto em toda a cadeia, da indústria ao transporte dos produtos. Com isso, a logística vai ficar mais desfavorável e poderá representar mais custo, de acordo com o gerente de Agronegócio da Fiesp.
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Dia de queda O avanço da colheita de grãos nos Estados Unidos e a importação menor de soja pela China, em relação às expectativas do mercado, derrubaram os preços nesta segunda-feira (28) no mercado externo.
Soja O primeiro contrato recuou para US$ 8,77 por bushel (27,2 kg) em Chicago, com queda de 1,4% em relação ao dia anterior. Já o milho caiu para US$ 3,87 por bushel (25,4 kg), um recuo de 0,6% no dia. O trigo, ao recuar para US$ 5,06 por bushel (27,2 kg), caiu 0,4%.
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