Vaivém das Commodities
Por Mauro Zafalon
Mauro Zafalon é jornalista e, em duas passagens pela Folha, soma 40 anos de jornal. Escreve sobre commodities e pecuária. Escreve de terça a sábado.
Produtor teme efeito do estoque de soja sobre os preços
As supersafras de soja nos principais países produtores, como Estados Unidos, Brasil e Argentina, estão levando o mercado para estoques recordes no período 2015/16.
A preocupação dos produtores é qual o efeito desse volume sobre os preços de comercialização da oleaginosa.
Os estoques mundiais de soja, após patamares de extremo risco nos Estados Unidos há dois anos, voltam a registrar o segundo recorde mundial.
Na safra 2014/15 foram de 78,7 milhões de toneladas. Para esta, a estimativa do Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) é de 85 milhões de toneladas.
A produção mundial de soja deverá atingir 310 milhões de toneladas, mas o Usda poderá rever os dados de produção e de estoques nesta sexta-feira (9).
Os estoques são elevados e seriam um sério problema no passado. Com certeza, derrubariam os preços.
A formação de preços das commodities atualmente não depende mais tanto dos estoques –que ainda são importantes–, mas também da financeirização do mercado, segundo a analista Daniele Siqueira, da AgRural.
A entrada ou saída dos fundos de investimento, que carregam bilhões de dólares consigo, é que determinam boa parte das oscilações de preços do mercado.
Se a oferta e demanda de produtos ainda fosse o único componente de formação de preços, seguramente os produtores teriam um cenário ainda mais conturbado no próximo ano.
A oferta de soja sobe porque os Estados Unidos, que devem produzir 107 milhões de toneladas na safra 2015/16, já vêm de uma supersafra em 2014/15.
Brasil e Argentina também mantêm ritmo de expansão da área e da produção, apesar do momento econômico difícil nos dois países.
A produção brasileira de soja caminha para um patamar próximo de 100 milhões de toneladas.
A AgRural espera 99 milhões de toneladas, um número próximo do da consultoria Clarivi.
Já a consultoria Céleres espera 97 milhões, enquanto a Abiove (associação das indústrias de moagem) prevê próximo de 98 milhões de toneladas.
A Argentina, terceiro maior produtor mundial, também deverá ter uma colheita próxima dos 60 milhões de toneladas na safra 2015/16.
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Suco de laranja A CitrusBR (Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos) assinou nesta quarta-feira (7) um acordo para a realização de um trabalho de marketing para defesa e promoção do suco de laranja na Europa.
Investimentos O projeto, que será realizado em parceria com a AIJN (Associação Europeia de Sucos de Frutas) e vai envolver as principais marcas e empresas engarrafadoras, terá investimento de US$ 7 milhões ao ano.
De onde vem As empresas brasileiras financiam 50% do projeto. A outra metade virá de 25 companhias europeias, que, juntas, representam mais de 90% daquele mercado.
Histórico Essa união entre produtores de suco e clientes europeus "é um momento histórico para o setor", diz Ibiapaba Netto, diretor-executivo da CitrusBR.
Inflação Os produtos agropecuários subiram 3,4% no atacado em setembro, acumulando 14,66% em 12 meses, segundo o IGP-DI, da FGV.
Pressões O principal peso dessa elevação no atacado veio das altas de soja, milho, farelo de soja e carne suína. Entre as quedas, estiveram tomate e leite.
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