Vaivém das Commodities
Por Mauro Zafalon
Mauro Zafalon é jornalista e, em duas passagens pela Folha, soma 40 anos de jornal. Escreve sobre commodities e pecuária. Escreve de terça a sábado.
Estoque de grãos está elevado e é o maior em 29 anos
Os estoques mundiais de grãos estão no maior patamar dos últimos 29 anos. São 454 milhões de toneladas, 1,6% acima do volume da safra anterior.
Os dados são do IGC (conselho internacional de grãos), entidade que acompanha as evoluções da produção e do mercado mundial de grãos.
Esses dados não incluem os de estoques de arroz, que serão de 94 milhões de toneladas no final da safra 2015/16.
Só milho e trigo somam 409 milhões de toneladas, enquanto aveia, cevada e outros grãos têm uma participação menor nesse volume.
Para a safra 2015/16, o IGC estima uma produção de 2 bilhões de toneladas de trigo, milho, aveia e cevada. Está fora desse cálculo o arroz, cuja safra será de 474 milhões.
Um volume de safra tão elevado e patamares recordes de estoques estão entre as principais causas da atual queda de preços das commodities no mundo.
Entre os destaques na formação desses estoques mundiais está a China, país que vinha sustentado os preços de boa parte das commodities nos últimos anos.
Com a elevação de seus estoques internos de grãos, o país asiático deverá participar menos do mercado externo. Deve comprar apenas no período de preços baixos.
Entre as oleaginosas, a produção de soja também se mantém elevada.
Na avaliação do IGC, a safra 2015/16 renderá 319 milhões de toneladas. Mas os estoques mundiais caem para 94 milhões de toneladas, após terem atingido 107 milhões na safra anterior.
A demanda mundial por milho e farelo de soja inibe um crescimento maior dos estoques desses itens. A procura mundial por proteínas cresce, elevando o consumo desses produtos.
Um índice de preços do IGC aponta queda de 17% nos preços dos grãos neste ano, em relação ao anterior.
Enquanto o trigo caiu 22%, o milho ficou 7% mais barato no período.
A soja teve recuo de 19%, uma queda superior aos 14% do arroz nos últimos 12 meses.
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Boi A oferta de bois ainda é restrita, mas essa retenção por parte dos pecuaristas já não é tão acentuada. A redução de abate propicia uma oferta maior de gado com preços menos pressionados.
Não favorável O mercado não tem condições favoráveis para a venda de carnes. Com a redução das vendas, o pecuarista está se adequando às condições de preços. A avaliação é do Sindifrio (Sindicato da Indústria do Frio no Estado de São Paulo).
Bunge As vendas líquidas mundiais do terceiro trimestre deste ano somaram US$ 10,8 bilhões, 21% menos do que as de igual período do ano passado.
Agronegócio A situação econômica do Brasil e a intensa desvalorização do real continuam apresentando desafios. A empresa acredita, no entanto, que os seus negócios com as cadeias de oleaginosas e de grãos vão obter resultados melhores neste ano do que no anterior.
Inflação Os preços médios dos produtos agropecuários subiram 3,8% no atacado neste mês de outubro. Com isso, a alta acumulada em 12 meses é de 15,6%.
No pico Ao registrar esse patamar acumulado em 12 meses, a inflação do agronegócio é a maior desde fevereiro de 2013, conforme mostram os dados do IGP-M da FGV.
Pressões Soja, milho e laranja estiveram entre as principais elevações de preços no atacado. Já batata, leite e tomate caíram, impedindo ajustes ainda maiores na média de preços dos alimentos no atacado.
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