Vaivém das Commodities
Por Mauro Zafalon
Mauro Zafalon é jornalista e, em duas passagens pela Folha, soma 40 anos de jornal. Escreve sobre commodities e pecuária. Escreve de terça a sábado.
Laranja tem pior rendimento da história, segundo associação do setor
Edson Silva - 29.jul.2012/Folhapress | ||
Operários na linha de produção da indústria de suco de laranja Cutrale, em Araraquara (SP) |
A indústria de suco encerra a safra 2015/16 com números para serem esquecidos. O processamento da laranja teve o pior rendimento na história, segundo a CitrusBr (associação do setor).
Para a obtenção de uma tonelada de suco concentrado, a indústria utilizou 302,2 caixas de laranja de 40,8 quilos, 25,8% mais do que na safra anterior.
A queda fez as empresas produzirem 223 mil toneladas a menos de suco, perdendo R$ 1,1 bilhão, segundo elas.
E esse cenário complicado pode ser um espelho do que vem pela frente. Nas últimas cinco safras, a indústria utilizou, em média, 271 caixas para a obtenção de uma tonelada de suco, volume 12% superior ao das cinco safras imediatamente anteriores.
Pior ainda quando os dados dos últimos cinco anos são comparados com os das safras de 2001/2 a 2005/6. A indústria está utilizando atualmente 17% mais laranja do que naquele período.
Dois fatores explicam essa exigência de um volume maior de laranja: o clima e a mudança dos pomares para novas áreas, segundo Ibiapaba Netto, do CitrusBr.
Enquanto o clima adverso trava a produtividade, o novo perfil dos pomares –em regiões mais ao sul de São Paulo– produz uma laranja com mais água.
O rendimento da fruta brasileira começa a se aproximar do da Flórida, que é de 213 caixas por tonelada de suco.
A diferença, segundo Ibiapaba, é que nos Estados Unidos o pagamento da laranja é por sólido solúvel, ou seja, desconta-se a taxa de água. No Brasil, o pagamento é por peso. Em tempos de mau rendimento da laranja, "a indústria leva a penalidade para dentro dos muros", diz ele.
Uma outra má notícia para a citricultura é que a indústria de refrigerante diminui a participação do suco no produto. Além disso, o suco de laranja disputa com o de maçã, que ganha terreno.
Em 2014, o consumo de suco foi de 58 mil toneladas. Em 2015, caiu para 35 mil.
A CitrusBr informou ainda que a produção de suco deverá ser de 865 mil toneladas na safra 2015/16. Já os estoques finais da safra recuam para 333 mil toneladas, ante 510 mil em junho de 2015.
Arroz As exportações do cereal atingiram US$ 108,2 milhões neste primeiro quadrimestre, 11% mais do que em igual período de 2015. Os dados são da Abiarroz (Associação Brasileira da Indústria do Arroz).
Porto O Tecon Salvador teve alta de 11% no movimento do primeiro quadrimestre deste ano, ante igual período de 2015. O aumento se deve a uma boa evolução das exportações, segundo um dirigente do grupo Wilson Sons, que possui a licença para operar o terminal de contêineres de Salvador.
VALOR DA AGROPECUÁRIA TERÁ QUEDA
Após seis anos de crescimento, o VBP (Valor Bruto da Produção) brasileira deverá cair. Os números atuais indicam que o valor será de R$ 508 bilhões, após ter atingido R$ 516 bilhões em 2015.
A pecuária é o principal motivo da queda, ao registrar um recuo de 4% nesta safra. Todos os segmentos do setor caíram, com destaque para suínos e leite, cujas quedas são de 11% no ano.
Dados da SPA (Secretaria de Política Agrícola), do Ministério da Agricultura, indicam que, no setor de lavouras, preços e produção maior mantiveram estabilidade média da renda. O VBP do setor deve atingir R$ 333 bilhões, um recuo de apenas 0,2%.
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