Vaivém das Commodities
Por Mauro Zafalon
Mauro Zafalon é jornalista e, em duas passagens pela Folha, soma 40 anos de jornal. Escreve sobre commodities e pecuária. Escreve de terça a sábado.
Estados Unidos plantam mais soja e milho com menor oferta brasileira
Mark Hirsch/AFP | ||
Agricultor em trator faz plantio de milho, em Luxemburg, nos Estados Unidos |
Os norte-americanos vão semear uma área recorde de 33,9 milhões de hectares de soja nesta safra 2016/17.
É uma área que já estava prevista pelo mercado e, se concretizada, vai superar em 1% a da safra anterior.
Esses números foram divulgados pelo Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) nesta quinta-feira (30).
Essa área de plantio ainda não é um número fechado, mas não deverá sofrer grandes alterações em relação aos dados finais.
A estimativa desta quinta-feira indica uma evolução de 590 mil hectares, em relação à prevista em março, e alta de 420 mil hectares ante o que foi plantado na safra anterior.
A evolução da área ocorre devido às estimativas de plantio recorde em sete Estados norte-americanos, entre eles Michigan e Minnesota.
Assim como ocorreu com a soja, a área de milho também sobe. Serão 38,1 milhões de hectares nesta safra, 2,5 milhões a mais do que na anterior.
Em relação às estimativas iniciais, feitas em março, há um aumento de 221 mil hectares na área de milho, segundo o Usda.
O aumento de 7% na área do cereal nos Estados Unidos poderá dar um suporte ao mercado internacional, uma vez que o Brasil, o segundo maior exportador, terá oferta menor para colocar no mercado externo.
As indústrias, após o susto desta safra, deverão fazer um estoque maior.
Além disso, a oferta na safrinha fica menor do que se esperava devido às condições climáticas adversas em várias regiões produtoras.
A área de milho a ser colhida poderá atingir a terceira maior nos EUA desde 1933.
Já o espaço dedicado ao trigo –20,6 milhões de hectares– deverá recuar 7%, na avaliação do órgão norte-americano.
FALTA ARROZ PARA INDÚSTRIAS NACIONAIS
Assim como ocorre com o feijão, o arroz também começa a trazer problemas para as indústrias que processam o cereal.
A escassez do produto eleva os preços e faz com que o produtor retenha o cereal à espera de um melhor momento para a comercialização.
As indústrias estão pagando 46% a mais pelo cereal em relação há um ano, segundo informações da Abiarroz (Associação Brasileira da Indústria do Arroz).
O presidente da entidade, Mário Pegorer, diz que a redução de oferta, além de afetar o funcionamento das indústrias e o preço interno para o consumidor, tem impacto na relação entre exportadores brasileiros e clientes internacionais.
Sem o produto, o Brasil terá dificuldade para manter os mercados externos conquistados nos últimos anos, segundo ele.
A escassez do arroz, e a consequente elevação de preços, ocorre devido a uma quebra na produção brasileira, em um momento em que o país já amadurece novos mercados de exportação.
Entre as medidas para amenizar a situação, a indústria quer a isenção temporária da incidência de PIS/Cofins sobre o arroz em casca importado do Mercosul.
A incidência dessa contribuição não ocorre na importação do produto beneficiado nem na exportação do arroz em casca brasileiro.
A importação da matéria-prima em casca é onerada, enquanto a exportação é isenta desta cobrança, segundo a indústria.
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