Vaivém das Commodities
Por Mauro Zafalon
Mauro Zafalon é jornalista e, em duas passagens pela Folha, soma 40 anos de jornal. Escreve sobre commodities e pecuária. Escreve de terça a sábado.
Apenas clima favorável ou a média da produtividade da soja sobe?
Charlie Neibergall - 11.jul.2013/Associated Press | ||
Máquina agrícola faz pulveriazação de soja, em Granger (EUA) |
Pelo terceiro ano consecutivo, a produtividade norte-americana de soja consegue superar os 3.000 quilos por hectare. A produtividade estimada para a safra 2016/17 é de 3.403 quilos. Um recorde.
O Brasil também já teve produtividade média nacional superior a 3.000 quilos, o mesmo ocorrendo com a Argentina.
Mas a produtividade da oleaginosa está estacionada nos 3.000 quilos (50 sacas de 60 quilos) por hectare e não consegue avançar de forma sistemática, apesar de toda a tecnologia nova disponível.
Daniele Siqueira, analista da AgRural, diz que essa superação de 50 sacas nessas regiões está ocorrendo mais pelo bom clima do que por uma mudança definitiva de patamar. A produtividade só consegue ser elevada em anos em que, como ocorre nesta safra nos Estados Undos, dá tudo certo com o clima, diz ela.
Mas, se a produtividade não avança na média nesses que são os principais produtores mundiais de soja, vai bem em várias regiões específicas.
É o caso do Estado de Illinois, nos Estados Unidos, onde a produtividade média desta safra deverá atingir 4.104 quilos por hectare. Em alguns Estados do país, no entanto, mesmo com a produção recorde prevista para este ano, a média de produção fica inferior a 50 sacas.
O mesmo ocorre no Brasil. A safra 2015/16 foi um período para o produtor brasileiro esquecer, devido aos sérios problemas climáticos ocorridos no país. Mesmo assim, a produtividade na região Centro-Oeste ficou nos 3.000 quilos, com a Norte e Nordeste recuando para 2.000 quilos. Santa Catarina, o Estado líder, conseguiu 3.341 quilos, segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
Na Argentina, embora a média nacional da safra passada tenha ficado abaixo de 3.000 quilos, as regiões de Córdoba e de La Pampa atingiram 3.400 quilos. Corrientes e Entre Rios puxaram a média nacional para baixo, recuando para 1.900 quilos.
A tecnologia utilizada no campo ainda tem de evoluir muito para a produtividade média mundial sair dos 3.000 quilos, principalmente nas regiões de fronteira, onde o manejo das terras também é fundamental para a expansão da produtividade.
Apesar disso, os números atuais são bem distantes dos de há algumas décadas. Os Estados Unidos produziam apenas 1.531 quilos por hectare nos meados da década de 1960. Só conseguiram 2.000 quilos em 1978, atingindo 2.500 em 1993.
Já o Brasil tinha uma produtividade de apenas 1.748 quilos há 40 anos. Embora já atinge produção de até 5.000 quilos em regiões específicas, como em algumas áreas do Paraná, ainda não se firmou nos 3.000 quilos na média do país.
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