Vaivém das Commodities
Por Mauro Zafalon
Mauro Zafalon é jornalista e, em duas passagens pela Folha, soma 40 anos de jornal. Escreve sobre commodities e pecuária. Escreve de terça a sábado.
Com pessimismo no mercado, soja cai aos menores preços do ano em Chicago
Paulo Muzzolon/Folhapress | ||
Colheita de soja em fazenda em Mato Grosso |
O mercado começa a unir os pontos e chega à conclusão de que o cenário de alta para a soja pode estar acabando. Os motivos são muitos.
Há um pessimismo no mercado financeiro, a supersafra de soja da América do Sul está se confirmando, os Estados Unidos aumentam a área de plantio e os fundos, até então carregando um bom volume de soja, começam a se desfazer desse produto.
O resultado foi a soja cair para os menores preços do ano nesta semana, segundo Daniele Siqueira, analista da AgRural. O contrato de maio caiu para US$ 9,72 por bushel (27,2 quilos).
A queda em Chicago se reflete imediatamente em todas as regiões produtoras do Brasil. E isso ocorre em um momento de câmbio não muito favorável às exportações e de forte pressão nos transportes.
Ruim para os produtores que ainda não venderam a soja da safra 2016/17. E são muitos: pelo menos 55%.
A conjugação de todos esses fatores já provocou uma queda de 6% no preço da soja neste mês na Bolsa de Chicago. Os preços acompanharam a queda no Brasil.
Na primeira primeira semana de março, a saca era negociada a R$ 68 em Cascavel (PR). Nesta terça-feira (28), esteve em R$ 62.
Já a relação de frete da mesma cidade para o porto de Paranaguá subiu para R$ 7,2 por saca, o maior patamar desde 2000, quando a AgRural começou a fazer esse acompanhamento. Quanto maior a diferença, pior para o produtor.
Os fundos de investimentos, que estranhamente mantinham compras elevadas, partiram para as vendas, segundo Daniele.
Em 14 de fevereiro tinham contratos equivalentes a 23,2 milhões de toneladas de soja. No dia 21, esse volume era de apenas 8,9 milhões de toneladas.
Os principais números que afetam o mercado são a safra recorde de soja nos Estados Unidos de 118 milhões de toneladas; a do Brasil está prevista em 110 milhões, e a da Argentina deve chegar a 56,5 milhões de toneladas.
Enquanto o mercado avalia a supersafra de 2016/17, os norte-americanos poderão semear 2 milhões a mais de hectares com soja em 2017/18, segundo Daniele.
MILHO
O milho também recuou para os menores preços do ano na Bolsa de Chicago nesta semana. O contrato de maio foi negociado a US$ 5,58 nesta terça-feira (28).
O segundo semestre vai conviver com os efeitos de dois fatores de peso: a produção recorde da safrinha brasileira e a redução de pelos menos 1,5 milhão de hectares na área de milho nos Estados Unidos na safra 2017/18.
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Funrural - O STF (Supremo Tribunal Federal) julga nesta quarta-feira (29), pela segunda vez, a questão da inconstitucionalidade da Contribuição Social Rural, o Funrural, cuja alíquota de 2,1% incide sobre a receita bruta da comercialização da produção agrícola devida pelo empregador rural pessoa física.
Inconstitucionalidade - A Andaterra (Associação Nacional de Defesa dos Agricultores, Pecuaristas e Produtores da Terra), que defende os produtores rurais, tem expectativa de que o julgamento confirme a inconstitucionalidade.
Dois pontos - Primeiro, a Andaterra entende que há inconstitucionalidade do tributo porque a aprovação foi por lei ordinária, quando deveria ser por lei complementar.
Isonomia - Segundo, a cobrança do Funrural sobre a receita bruta do agricultor quebra o princípio de igualdade e isonomia tributária, já que a lei estabelece uma tributação maior para o produtor rural empregador do que para o empregador na área urbana e nos demais setores produtivos.
Carga pesada - Para Sérgio Pitt, presidente da Andaterra, a cobrança do Funrural sobre a receita bruta do produtor rural corresponde a 2,83 vezes o que é cobrado sobre a folha de pagamento, como o fazem os empregadores urbanos.
Fertilizantes - O setor de nutrição vegetal vem obtendo crescimento superior a dois dígitos nos últimos anos. A evolução atrai de pequenas a gigantes do setor, elevando o faturamento bruto anual para a casa dos R$ 5 bilhões.
Discussões - Para discutir avanços no setor, a Abisolo (Associação Brasileira das Indústrias de Tecnologia em Nutrição Vegetal) promove encontro na próxima semana, em Campinas (SP), no qual serão discutidos temas como pesquisa, aspectos regulatórios e perspectivas para o agronegócio.
Eficiência - A utilização de fertilizantes especiais —foliares, biofertilizantes, orgânicos, organominerais, mineralizadores, condicionadores de solo e substratos para plantas— é uma boa alternativa para elevar a produtividade, reduzir custos e preservar o ambiente, segundo Clorioaldo Roberto Levrero, presidente da Abisolo.
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