Vaivém das Commodities
Por Mauro Zafalon
Mauro Zafalon é jornalista e, em duas passagens pela Folha, soma 40 anos de jornal. Escreve sobre commodities e pecuária. Escreve de terça a sábado.
Precisamos de segurança, não de beleza, diz produtor, sobre máquina
Charlie Neibergall - 11.jul.2013/Associated Press | ||
Máquina agrícola faz pulveriazação de soja, em Granger (EUA) |
O fórum de agronegócio realizado nesta terça-feira (4) durante a Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina mostrou uma discussão acalorada sobre a utilização das tecnologias existentes nas máquinas agrícolas.
Glauber Silveira, produtor, vice-presidente da Abramilho e do conselho consultivo da Aprosoja, diz que os produtores utilizam apenas 30% das tecnologias existentes nas máquinas. "Precisamos de segurança, e não de beleza e conforto", diz ele.
O problema, segundo Silveira, é que existe uma inovação tecnológica, mas o produtor não está colhendo mais com essa tecnologia.
"Os engenheiros agrônomos estão aprendendo nas faculdades, mas não levam esses conhecimentos para o campo", diz ele.
Para Paulo Herrmann, presidente da John Deere Brasil, "a tecnologia está chegando, mas está sendo usada de forma ineficiente". Na avaliação dele, o país vive uma assimetria. Há avanços em alguns lugares e atrasos em outros.
Herrmann concorda com Silveira que há um aproveitamento das tecnologias dessas máquinas bem abaixo do que elas oferecem.
O usuário "mais fera" das máquinas não consegue subtrair mais de 70% das tecnologias que ela tem, segundo ele.
Mas não tem outro caminho, a tecnologia chegou para ficar, tem de ser útil e de funcionar, afirma o presidente da John Deere.
"O que não pode haver é apenas uma tecnologia de modismo."
Pedro Valente, diretor-geral da Amaggi Agro, concorda com Glauber e diz que os usuários das máquinas no grupo tiram apenas de 40% a 50% das tecnologias oferecidas. Valente destaca que a formação dos profissionais é importante no campo.
Atualmente os engenheiros agrônomos estão mais voltados para a indústria química do que para as lavouras. As químicas pagam mais.
Para Herrmann, a próxima etapa da tecnologia é "as máquinas falarem entre si". Elas vão ler dados disponíveis da lavoura e tomar as decisões acertadas.
"Esse é o caminho, e as assimetrias precisam ser resolvidas com mais aprendizado".
Um caminho difícil, no entanto, admite o executivo da multinacional.
Valente diz que, "no futuro, a tecnologia vai permitir mais sustentabilidade, mas sem treinamento hoje não existe futuro".
AlIMENTAR O MUNDO
O fórum do agronegócio discutiu, nesta terça-feira (4), os desafios de o Brasil de alimentar o mundo. Um desses desafios passa pela sustentabilidade e pela interação na cadeia produtiva. A profissionalização e a educação são indispensáveis para que esse objetivo seja conseguido, segundo Germano Kusdra, coordenador de projeto da Emater.
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Pelo Norte - As exportações de grãos poderão chegar a 18 milhões de toneladas neste ano, segundo Neri Geller, secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura.
Plano Safra - Geller, ao participar do fórum do agronegócio, em Londrina, afirmou que o Mapa (Ministério da Agricultura) está discutindo com a equipe econômica para que a taxa de juros se mantenha fixa. O setor precisa ter segurança para investir, disse ele.
Custeio - O Mapa quer manter o teto de custeio de R$ 3 milhões por CPF para os produtores. Desse valor, 60% serão liberados na primeira safra. O restante, na segunda.
ExpoLondrina - A exposição, que vai até o dia 9, tem como tema "Agronegócio, Tecnologia e os Novos Horizontes". Palestras, cursos e leilões constam da programação, além da exposição de animais e de máquinas.
Minifazenda - Localizada em uma área de 19 alqueires, a exposição tem até uma minifazenda administrada pela Emater.
Livraria da Folha
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