Vaivém das Commodities
Por Mauro Zafalon
Mauro Zafalon é jornalista e, em duas passagens pela Folha, soma 40 anos de jornal. Escreve sobre commodities e pecuária. Escreve de terça a sábado.
Rejeição dos EUA a carne do Brasil mancha imagem do produto
Mauro Zafalon - 10.jul.2015/Folhapress | ||
Bois em confinamento em fazenda em Mato Grosso |
O setor de carne bovina brasileiro está tendo um dos maiores reveses da história neste ano.
Após tantos entraves internos, recebe a notícia do fechamento do mercado dos Estados Unidos para a carne "in natura".
Se fosse qualquer outro país, essa notícia teria pouca importância, diante do pequeno volume que é exportado, em relação ao total das vendas externas brasileiras.
Sendo os Estados Unidos, porém, o reflexo é grande, principalmente na imagem do produto brasileiro.
Além de ser o principal importador de carne bovina no mundo, o que abriria bom espaço para o Brasil, os Estados Unidos definem a política de sanidade para vários outros países exigentes, mas que pagam bem pela proteína.
Os brasileiros conseguiram reabrir o mercado norte-americano de carne bovina "in natura" após uma década e meia de intensas discussões. Agora, o perdem em apenas 11 meses.
Esse tranco vem logo após o setor sofrer as consequências das operações da Polícia Federal, delação premiada dos donos da JBS e da volta de cobrança de Funrural e de ICMS no setor.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos recusou a carne brasileira alegando problemas recorrentes sobre questões sanitárias.
AFTOSA
Camardelli diz, porém, que a carne "in natura" brasileira foi recusada devido a abcessos provocados por reação de animais à vacina contra a febre aftosa. O gado brasileiro é vacinado duas vezes por ano.
Segundo ele, é um problema recorrente e traz prejuízo para produtores e indústria frigorífica em um ano em que se acumulam vários outros problemas ao setor.
Além do produto que já foi recusado pelos norte-americanos, o Brasil tem pelo menso outros 150 contêineres no mar indo em direção aos Estados Unidos, nos cálculos dele.
Emílio Salani, vice-presidente de operações do Sindam (que reúne as indústrias produtoras de vacina contra a febre aftosa), diz que o abscesso "não é característica de nódulo vacinal".
E ele defende a qualidade do produto brasileiro.
"A vacina não tem variações na formulação e passa por grande rigor na fabricação e no controle de qualidade", tanto pela indústria como pelo Ministério da Agricultura.
Diante desses problemas atribuídos pelo presidente da Abiec como provindos das vacinas, ele sugere uma aceleração nos estudos para a retirada da vacinação do gado brasileiro.
Isso, no entanto, demanda tempo e acompanhamento do Ministério da Agricultura, que é quem fiscaliza a carne exportada e também libera as vacinas.
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