É farmacêutica, senadora pelo PCdoB do Amazonas e procuradora especial da mulher do Senado.
Eleições diretas já para pacificar a nação
Kevin David/A7 Press/Folhapress | ||
Manifestantes participam de ato em São Paulo contra a PEC do Teto de Gastos |
A grave e generalizada crise por que passa o país exige uma saída rápida, o que só é possível atacando a essência e não apenas os sintomas do problema. O centro da instabilidade está na ruptura do Estado de Direito, a partir do golpe que cassou o mandato da presidenta Dilma sem crime tipificado.
Isso fez com que todos se sentissem à vontade para cometer arbítrios e exageros, como os exemplos demonstram. Quando ocorreu a ilegal e abusiva condução coercitiva do ex-presidente Lula, que nem sequer havia sido notificado para depor, esse arbítrio foi saudado, comemorado e aplaudido por certos segmentos, entre os quais um pastor evangélico que hoje esbraveja por ter sido vítima de um ato semelhante.
Os fatos se seguem. O presidente do Senado não cumpre uma decisão judicial. Um membro do Judiciário anula votação da Câmara dos Deputados. Manifestações públicas são duramente reprimidas. Os vazamentos de processos sigilosos se multiplicam. E o presidente e seus assessores praticam abertamente advocacia administrativa, em favor de interesses privados.
Um fato "tolo", ocorrido no Parlamento, passou despercebido. O presidente do Senado antecipou do dia 22 para 16 o fim do período legislativo. Fechou o plenário para evitar votações e mesmo debates, desnudando a tática do governo: encerrar 2016 antes do dia 31 de dezembro, na tentativa de interromper a sequência de desgaste que marca a sua breve e conturbada trajetória.
Enquanto isso a crise se agrava. Todo dia se perdem milhares de postos de trabalho. Os parcos recursos públicos (dinheiro do povo) são canalizados para os abarrotados cofres dos rentistas. Os escândalos e as delações contra seu "governo" se multiplicam e ameaçam esgotar o estoque de tornozeleiras eletrônicas.
Segundo análises, inclusive de membros do próprio "governo", não há tática nem manobra capaz de estancar a crise, em decorrência da corrosão crescente da economia e da política.
Esse "governo" chegou ao fim. Mas, quanto mais se afunda em escândalos de corrupção e na reprovação popular, mais ele se volta contra o povo. A "PEC da Morte" e a deformação da Previdência imporão duros sacrifícios à população, sobretudo aos mais pobres.
Parte de seus apoiadores já trata abertamente da substituição do condutor da ponte que se revelou uma pinguela. Querem eleições indiretas no Congresso Nacional, o que será, a nosso ver, um fator de agravamento da instabilidade.
Nossa convicção é de que só a realização de eleições diretas para presidente poderá pacificar a nação. Temer precisa renunciar imediatamente. Esse é o sentimento geral do povo brasileiro. Essa é a única saída para a crise.
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