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Navio encontrado em Ilhabela é do século 19
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DE SÃO PAULO
A lenda de que havia um antigo navio soterrado na praia de Castelhanos, em Ilhabela (litoral norte de SP), sempre foi contada por moradores, mas foi só em abril que, após uma enxurrada, uma carcaça de madeira de 15 metros surgiu na areia.
Agora, o resultado de uma análise feita nos EUA mostrou que as ruínas da embarcação são as mais antigas já descobertas no local.
Segundo a arqueóloga Cintia Bendazzoli, o navio foi fabricado entre 1810 e 1840, provavelmente na Inglaterra.
De acordo com ela, que é coordenadora do Projeto de Gestão e Diagnóstico do Patrimônio Arqueológico de Ilhabela, a embarcação mais antiga descoberta até hoje na região era o Dart, de 1884.
Cintia afasta a hipótese de o navio ser pirata. "Ele provavelmente sofreu alguma avaria e foi puxado para a praia. Se fosse pirata, não teriam feito isso, porque a região já era habitada".
Antes da descoberta, os moradores acreditavam, segundo ela, que o navio era do pirata Thomas Cavendish, que ficou famoso na região.
A arqueóloga diz que as outras partes do navio provavelmente foram retiradas para reutilização e o casco foi abandonado. Para ela, é provável que o navio transportasse mercadorias ou escravos. Ainda não se sabe qual era o tipo da embarcação.
Vanessa de Paula/Folhapress | ||
Parte do navio encontrada soterrada na praia de Castelhanos |
O casco do navio só apareceu porque a chuva aumentou o volume de água do rio, que lavou a areia e desenterrou a carcaça. As ruínas ficaram aparentes por cerca de três dias e voltaram a ser soterradas. A peça vai continuar no local, porque, se for retirada, pode sofrer danos.
As praias de Ilhabela recebem muitos turistas mergulhadores porque, só ali, já foram descobertos cerca de 20 navios naufragados.
Um dos mais famosos a naufragar no local foi o Príncipe de Astúrias, conhecido como Titanic brasileiro, em 1916. Ele foi também um dos mais saqueados por caçadores de tesouro.
Atualmente, saqueadores frequentam o local, mas, segundo o arqueólogo Gilson Rambelli, da Universidade Federal de Sergipe, essa tendência está se revertendo. "Estamos conseguindo mostrar que esse patrimônio pertence a todo mundo."
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