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14/11/2012 - 16h47

Ministério Público entra com recurso contra absolvição de PMs

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DE SÃO PAULO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O Ministério Público informou que entrou com recurso de apelação nesta quarta-feira (14) contra a soltura de três policiais da Rota (a tropa de elite da Polícia Militar), suspeitos de matar um suposto integrante do PCC no dia 28 de maio deste ano na Penha, na zona leste.

Mapa mostra os casos de mortes a tiros na Grande SP
PMs da Rota suspeitos de matarem integrante do PCC são absolvidos
Comandante da PM afirma que ajuda de Exército é desnecessária
Confronto entre Rota e criminosos deixa seis mortos na zona leste de SP
Imagem e telefonema foram determinantes para prisão de PMs da Rota
Policiais da Rota envolvidos em tiroteio que matou 6 são detidos

O sargento Carlos Aurélio Thomaz Nogueira, 43, o cabo Levi Cosme da Silva Júnior, 34, e o soldado Marcos Aparecido da Silva, 38, foram absolvidos ontem no 4º Tribunal do Júri da capital, no Fórum da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo.

Segundo a Polícia Militar, os policiais foram soltos do presídio Romão Gomes e reapresentados ao batalhão da Rota na manhã de hoje. De acordo com a corporação, o sargento, o cabo e o soldado farão somente trabalhos internos até a conclusão do procedimento administrativo que foi aberto pela Corregedoria para apurar a conduta deles.

O Fórum da Barra Funda não divulgou o nome da juíza e do Promotor envolvidos no caso porque, segundo o órgão, o processo corre em segredo de Justiça.

O trio foi detido e investigado após outros cinco integrantes do PCC serem mortos em uma suposta troca de tiros em um estacionamento na rua Osvaldo Sobreira.

Investigações da Polícia Civil e da Corregedoria da PM apontavam que Anderson Minhano, 31, foi preso pelos três PMs, levado para a rodovia Ayrton Senna e torturado antes de ser morto com tiros. Os três PMs foram presos pelo homicídio.

Por causa da ação, o PCC teria intensificado os ataques contra policiais.

Uma testemunha disse ter visto a ação dos policiais na rodovia e ligou para o 190, da PM.

Os três policiais foram presos no mesmo dia. No julgamento de ontem, a testemunha teria caído em contradições em seu depoimento, o que fez com que a Justiça absolvesse os policiais.

A própria Promotoria também reconheceu que a testemunha se contradisse e, no final do julgamento, determinou que as algemas do policiais fossem retiradas imediatamente.

Eduardo Anizelli/Folhapress
Policiais da Rota na frente de lava-rápido onde seis criminosos foram mortos em confronto com a polícia
Policiais da Rota na frente de lava-rápido onde seis criminosos foram mortos em confronto com a polícia

ESTACIONAMENTO

O tiroteio ocorreu por volta das 21h em um lava-rápido e estacionamento em maio. Os seis suspeitos baleados foram socorridos, mas não resistiram e morreram. Outras três pessoas --entre elas duas mulheres-- foram presas e outras cinco conseguiram fugir.

Segundo a polícia, o grupo planejava uma ação para libertar um detento que seria transferido do CDP (Centro de Detenção Provisória) do Belém, na capital paulista, para a Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (611 km de SP).

Na ocasião, o major Marcelo Gonzales Marques afirmou que o plano de resgate do detento chegou à PM por meio de uma denúncia anônima. Já no local indicado, os criminosos teriam disparado contra os policiais, segundo o major.

No estacionamento a polícia apreendeu três veículos, drogas (maconha e cocaína), quatro coletes a prova de balas e diversas armas, entre elas, algumas de uso exclusivo das Forças Armadas: um fuzil 762, uma metralhadora 9mm, uma pistola calibre 45 e uma pistola calibre 9mm. Também foram apreendidos no local quatro revólveres calibre 38.

Em entrevista na época da ação, o diretor do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa), Jorge Carrasco, o tenente-coronel da Rota, Salvador Madias, e o corregedor da PM, coronel Rui Conegundes, afirmaram que toda a operação da polícia foi legítima, com exceção da postura dos três PMs que teriam matado o suspeito na rodovia Ayrton Senna.

Após as seis mortes, a onda de ataques contra policiais militares no Estado de São Paulo aumentou.

Eduardo Anizelli/Folhapress
Armas, dinheiro e droga foram encontrados com criminosos após troca de tiros com a Rota; seis morreram
Armas, dinheiro e droga foram encontrados com criminosos após troca de tiros com a Rota; seis morreram

VIOLÊNCIA

Essa já é a quarta semana em que são registrados diversos crimes durante a noite na região metropolitana. Várias mortes já foram registradas provocadas por criminosos em motos ou carros. Também ocorreram outros dois incêndios em ônibus.

Apenas no último fim de semana, 31 pessoas foram mortas na região metropolitana. A maior parte dos casos tem autoria desconhecida. Outros ocorreram em troca de tiros com policiais ou em confronto com PMs à paisana.

Na noite de hoje, um policial militar que atuava na Corregedoria da corporação foi baleado e morto na rua Caracaru, no Jardim Cumbica, em Guarulhos (na Grande São Paulo). Um outro ataque também deixou um PM ferido durante a madrugada desta quarta em Santana de Parnaíba, também na região metropolitana.

O soldado Edgard Lavado, 43, chegava em casa de moto por volta das 21h quando três suspeitos em um Ford Fiesta pararam ao seu lado. Segundo testemunhas, um dos passageiros desceu do carro, falou algo e efetuou um disparo, que atingiu o tórax do PM. Ele foi socorrido por vizinhos e levado ao Pronto Atendimento Alvorada, mas não resistiu.

Com o caso do soldado Edgard Lavado, sobe para 94 o número de policiais militares assassinados em São Paulo desde o início do ano --a relação inclui também os PMs de reserva mortos.

Na última sexta-feira (9), o governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou que vai dobrar --de R$ 100 mil para R$ 200 mil-- a indenização paga à família de policiais mortos no Estado.

É a segunda medida que o tucano anuncia para beneficiar familiares de policiais desde o início da escalada da violência contra PMs. Ele já havia estendido a indenização para policiais mortos na folga, desde que a morte tenha sido em razão de ser policial.

Conforme reportagem da Folha, a Polícia Federal avisou, em junho deste ano, o governo de São Paulo que a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) aumentaria os ataques a policiais.

 

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