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05/08/2010 - 18h39

Para jornalista, Censo pode confirmar aumento dos sem religião; leia bate-papo

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DE SÃO PAULO

O jornalista Antônio Gois, repórter da sucursal do Rio da Folha, participou de bate-papo nesta quinta-feira (5) sobre o Censo 2010.

Folhapress
Jornalista Antônio Gois é especializado em educação e temas demográficos
Jornalista Antônio Gois, da sucursal do Rio da Folha, é especializado em educação e temas demográficos

No bate-papo o jornalista respondeu perguntas e dúvidas sobre a pesquisa que começou no último domingo e vai até o dia 31 de outubro.

Participaram do chat 135 pessoas. Veja a agenda de bate-papo do UOL.

O texto abaixo reproduz exatamente a maneira como os participantes digitaram suas perguntas e respostas.

*

Bem-vindo ao Bate-papo com Convidados do UOL. Converse agora com o jornalista Antônio Gois sobre as pesquisas do Censo de 2010. Para enviar sua pergunta, selecione o nome do convidado no menu de participantes. É o primeiro da lista.

(04:58:41) Antônio Gois: Olá! Bem-vindos. Espero contribuir com o debate e, se possível, tirar eventuais dúvidas que vocês tenham.

(05:00:49) Taty fala para Antônio Gois: afinal, pq o censo é tão importante? oq ele ajuda a definir?

(05:02:04) Antônio Gois: Ele é a mais importante pesquisa do país por sua abrangência (é o único a pesquisar todos os domicílios do país). Sem ele, não sabemos o número de deficientes no país, a população de cada município, bairro, ou favela, quantas crianças exatemente temos precisando de creche. Enfim, é fundamental para o planejamento de políticas públicas em todos os níveis de governo.

(05:02:30) carlos fala para Antônio Gois: No que o levantamento do Censo pode interferir na vida prática do brasileiro?

(05:05:32) Antônio Gois: Se seu município perde população, isso altera a quantidade de repasses federais a que ele tem direito. para cidades grandes, isso afeta pouco, mas, em municípios pequenos, faz muita diferença no orçamento. Mas o censo vai além disso. Se a gente detecta que há muitos casais do mesmo sexo convivendo no país, tema que será pesquisado pela primeira vez, estamos mostarndo para a sociedade que há uma demana a ser atendida, no sentido de reconhecer a existencia desse grupo e garantir direitos. Se o censo mostra que a fecundidade entre jovens aumenta, é a partir dele que o Ministerio da Saude traça politicas para dar os recursos para que essa população possa decidir quantos filhos quer ter, e quando ter. As interferencias, Carlos, são realmente inúmeras.

(05:06:16) Edu!! fala para Antônio Gois: Boa tarde Antônio, queria saber como o censo será realizado, ouvi dizer que será digital...

(05:07:18) Antônio Gois: É verdade. Pela primeira vez, não haverá questionário de papel, o que facilitará no computo dos dados e acelerará a divulgação dos resultados. Cada recenseador terá um computador de mão, que enviará os dados on-line para o IBGE, poupando tempo e recursos.

(05:08:17) Patty fala para Antônio Gois: estatisticamente, qtas pessoas no país participam?

(05:09:59) Antônio Gois: O censo serve justamente para sabermos quantas pessoas existem no país. O que temos no momento é que são aproximadamente 58 milhões de domicílios a serem pesquisados. Nossa população ficará próxima de 200 milhões. São 240 mil técnicos envolvidos, entre recenseadores e pesquisadores que vão às ruas fazer este importante retrato do país.

(05:10:35) Léo fala para Antônio Gois: Boa tarde, eu sou obrigado a atender um recenseador na porta da minha casa?

(05:12:10) Antônio Gois: Há uma lei de 1968 que obriga todo cidadão a responder ao censo, prevendo inclusive multa. Mas o IBGE diz que não pretende fazer uso dessa lei, apostando na conscientização. Você pode, se sentir mais confortável, atender ao recenseador na rua. Pode também responder pela Internet. Para isso, é preciso avisar ao recenseador que prefere essa opção, e ele deixará uma senha de acesso ao sistema contigo. Não adianta entrar no site do IBGE sem essa senha.

(05:12:52) paula fala para Antônio Gois: como são escolhidas as famílias que participam da pesquisa?

(05:13:59) Antônio Gois: Na verdade, justamente por se tratar de um censo, a ideia é que TODAS as famílias participem da pesquisa. A diferença é que algumas (10% do total) responderão a um questionário mais amplo, com mais questões, e que toma mais tempo. O restante repsonderá ao questionário básico, que tem perguntas mais gerais, e mais fáceis de serem respondidas.

(05:14:12) Débora fala para Antônio Gois: em qto tempo sairão os resultados?

(05:16:04) Antônio Gois: Os primeiros resultados já saem em novembro, onde saberemos a população exata de cada município, o que é importante para o cálculo do repasse federal que cada prefeitura tem direito. Os demais resultados demoram mais tempo. mesmo com todos os recursos tecnológicos, é provavel que até 2013 o IBGE ainda esteja divulgando dados do censo, especialmente aqueles que exigem mais detalhamento.

(05:16:22) rodrigo fala para Antônio Gois: onde posso encontrar os resultados do censo?

(05:17:36) Antônio Gois: No site do IBGE (www.ibge.gov.br) você pode encontrar várias informações sobre como será feito esse censo, bem como resultados dos censos passados. Mas pode ter certeza de que, pela importância do levantamento, todos os meios de comunicação darão espaço aos resultados, inclusive nós, aqui na Folha de São Paulo :-)

(05:18:20) José Robson-PE fala para Antônio Gois: O que é o Educacenso?

(05:21:08) Antônio Gois: Caro, se não estou enganado, o Educacenso é um censo de alunos feito pelo Ministério da Educação. Ele nada tem a ver com o censo do IBGE, já que o IBGE visita domicílios em busca de informações, enquanto o MEC pesquisa isso nas escolas. São ferramentas diferentes, mas cada uma tem sua importância e finalidade distinta. Pelo educacenso sabemos quantas crianças estão matriculadas em cada município, o que interefere em repasses do MEC para essas cidades.

(05:21:26) RODRIGO fala para Antônio Gois: tendo em vista que o censo 2010 fará p levantamento do quantitativo de casais homossexuais, qual o significado social dessa ação, qual sua pretensão?

(05:23:15) Antônio Gois: Quem não existe, não tem direito. Se você não existe em estatísticas públicas, é mais difícil de convencer políticos da importância de respeitar seus direitos. Quando o IBGE dá essa opção para as pessoas se declararem, está, involuntariamente ou não, ajudando não apenas a retratar uma realidade do país, mas, também, a pressionar a sociedade a prestar mais atenção a essas populações.

(05:23:45) paula fala para Antônio Gois: quais dados espera-se encontrar alguma diferença?

(05:26:01) Antônio Gois: O IBGE faz pesquisas anuais, de menor porte, que nos dão algumas pistas sobre o que aparecerá no censo: a fecundidade tende a cair ainda mais, afastando cada vez mais o fantasma da explosão populacional, e levantando outro desafio para o Brasil: como lidar com uma população cada vez mais envelhecida e que deve diminuir de tamanho em algumas décadas, com menos jovens para contribuir para a previdencia e mais idosos utilizando o sistema de saúde. É esperado também que cresca a proporção de evangélicos e dos sem religião. Autodeclarados pretos e pardos devem superar os que se autodeclaram brancos. Essas são algumas expectativas em relação a este censo.

(05:26:23) Junior fala para Antônio Gois: Boa tarde Antônio. Considero este censo, invasão de privacidade. Terei meus direitos constitucionais garantidos se não quiser responder este censo?

(05:28:36) Antônio Gois: Junior. Vale lembrar que os dados são sigilosos. Ninguém poderá acessar a base de dados do IBGE para descobrir seus dados pessoais. Como disse, você pode inclusive responder pela Internet. Todos os países democráticos do mundo, sem exceção nenhuma, realizam seus censos. No caso brasileiro, ele é realizado desde 1892, ainda no tempo do imperio. Sinceramente, não creio que tenhamos razão para desconfiar dos objetivos do IBGE.

(05:28:48) waldon fala para Antônio Gois: Pela primeira vez o censo vai ter a opção ateísmo nas religiões perguntadas, foi uma boa medida?

(05:30:22) Antônio Gois: Caro, qualquer medida que ajuda a retratar melhor a realidade do país é bem-vinda. os censos já pesquisavam os sem-religião, que não necessariamente são ateus. Há multiplas formas de expressão, especialmente neste rico universo de diversidade que são as religiões. Portanto, quanto mais opções damos às pessoas para se declarerem, melhor será a qualidade do retrato que teremos do país.

(05:30:52) Christiano fala para Antônio Gois: Comunidades indigenas e quilombolas também serão recenseadas?

(05:32:14) Antônio Gois: Sim! No caso dos indigenas, inclusive, pela primeira vez será feita uma pesquisa mais detalhada sobre as linguas faladas no país. É por isso que o Censo é tão importante. Uma pesquisa por amostra, por maior que seja, não é suficiente para retratar a realidade de comunidades isoladas, com poucos habitantes, ou dispersas. Quando o IBGE coleta dados de todos esses grupos, fica mais fácil identificar necessidades.

(05:32:35) Futuro jornalista fala para Antônio Gois: é eu não estou no meu estado, mais posso ser incluso no censo do estado em que estou?

(05:34:42) Antônio Gois: Se você está residindo em outro estado, deve ser entrevistado na UF de residência. Se estiver apenas em viagem, deve responder ao censo em seu Estado de residencia fixa. Ah, e um lembrete muito importante: basta uma pessoa do domicílio para responder sobre a situação de todos. Portanto, pode ser que você não seja entrevistado, mas sua mãe/pai/irmão/cachorro/papagaio podem ter já recebido o recenseador do IBGE e passado as informações mais básicas para ele.

(05:35:12) Fernanda Cunha fala para Antônio Gois: Você acha que o IBGE,pode ajudar os casais homossexuais a legalizarem sua situação civil depois do censo,ou você Antônio,acha que isso depende mais do governo do que da população?

(05:36:54) Antônio Gois: Dos dois. O IBGE, como disse, ajuda ao reconhecer uma situação de fato: há tantos casais homossexuais no Brasil vivendo sobre o mesmo teto. Mas não cabe ao IBGE fazer lobby para este ou qualquer outro grupo. Cabe a quem sentir necessidade pressionar os políticos por seus direitos.

(05:37:06) roni.acs fala para Antônio Gois: Antonio gostaria de saber se os proximos continuarão a ser realizados a cada 10 anos,pois ouvi um boato que será a cada 2 anos....isso procede?

(05:38:54) Antônio Gois: Não ouvi este boato. E acho muito dificíl termos censo de dois em dois anos. É uma operação caríssima. Custa R$ 1,7 bilhão, que é mais do que o orçamento de muita cidade de médio porte. Não conheço país, nem os mais ricos, que realizem censo de dois em dois anos. Para esses intervalos, existem pesquisa amostrais que, apesar de menos abrangentes, nos dão um retrato mais atualizado nos períodos entre censos.

(05:39:00) RAFAEL fala para Antônio Gois: o censo passou a existir em que época?

(05:40:01) Antônio Gois: No Brasil, em 1872. Ele mostrou que 15% da população era escrava, e 85% liberta. Somente a partir de 1940, no entanto, que o censo passou a ser feito pelo IBGE de maneira mais profissional.

(05:40:25) Dênis fala para Antônio Gois: Antônio, na minha cidade muitos recenseadores estão desistindo do trabalho, serão contratados novos recenseadores? Se sim, como se dara essa contratação?

(05:41:37) Antônio Gois: Depois me diz qual sua cidade para investigarmos melhor isso! Mas, de qualquer jeito, a resposta é sim. O IBGE contratou um número maior de recenseadores já prevendo algumas desistências. E um recenseador pode recensear mais de uma área, e ganhará mais por isso.

(05:42:13) roni.acs fala para Antônio Gois: ANTONIO em muitas cidades pelo menos aqui no ABC Paulista o trabalho dos recenseadores ainda não começoum devido ao atraso na entrega dos coletes de idnificação....pq desse atraso?

(05:43:30) Antônio Gois: Roni. Não sei te responder. Mas isto dá uma boa pauta para nós aqui da Folha. Espero que ninguém da concorrência esteja assistindo a este chat :-) De qualquer jeito, o censo vai até 31 de outubro. Não acho que isso atrasará a pesquisa.

(05:43:48) Junior fala para Antônio Gois: Antônio. Ninguém poderá acessar a base de dados do IBGE, assim como ninguém podia acessar a base de dados do ENEM?

(05:46:22) Antônio Gois: Junior, o IBGE faz censos desde 1940, e não há registro de que a base de dados deles tenha vazado. O Enem existe há 10 ou 12 anos apenas, e a estrutura do Inep, infelizmente, em nada se compara a do IBGE. De qualquer jeito, você levanta um ponto importante: essas falhas em sistemas controlados pelo governo são péssimas porque podem criar desconfiança nas pessoas, mesmo no caso de instituições com décadas de tradição em pesquisa e sem histórico de grandes problemas.

(05:46:34) RODRIGO fala para Antônio Gois: Partindo para o âmbito industrial, quais as expectativas esperadas para a Região Nordeste?

(05:48:41) Antônio Gois: cARO, COmo não trabalho com economia, não me considero qualificado para responder especificamente sobre a situação das INDUSTRIAS no NORDESTE. Mas o censo vai pesquisa pela primeira vez renda de programas de transferencia, como o Bolsa Familia, e sabermos, com mais precisão, os impactos desses programas nas vidas das pessoas, um tema interessante especialmente no Norte e Nordeste, onde há mais brasileiros recebendo esses benefícios.

(05:48:41) Daniel fala para Antônio Gois: Sou Agente Censitário... e a respeito dos coletes a informação que temos é que houve atraso na confecção dos coletes devido a uma empresa ter recorrido do resultado da licitação

(05:49:11) Antônio Gois: Daniel, obrigado!

(05:49:29) Duda fala para Antônio Gois: Antônio, por que no ano de 2000 houve uma discrepância considerável entre as estimativas do IBGE e a contagem do Censo? Cidades que diziam ter ultrapassado os 500.000 habitantes, por exemplo, estavam abaixo disso. Tal fato pode ocorrer agora em 2010?

(05:51:17) Antônio Gois: Pode sim. O que houve na década de 2000 foi uma queda da fecundidade num ritmo maior do que o previsto. Quando o IBGE projetou a população dos municípios a partir do censo, considerou um ritmo de queda que vinha desde a década anterior. Só que as pesquisas anuais, as Pnads, foram msotrando que a fecundidade caia num ritmo ainda maior. Pode, sim, acontecer de o Censo mostrar que na realidade a população de vários municípios está menor do que estava. Além disso, considere também o efeito de migração, que não dá para controlar ou prever com precisão.

(05:51:53) Fernanda Cunha fala para Antônio Gois: Antônio,o censo ajuda a controlar a quantidade populacional,ou nem todos entendem a necessidade de contralar a natalidade,o que mais acontece ou acontecia com a classe"baixa"ou com a liberação de preservativos...as pessoas estão tendo consciência de como se vive melhor e se tem uma melhor qualidade de vida,consequetemente?

(05:54:30) Antônio Gois: Fernanda, O censo não ajuda a controlar nada. O objetivo é nos dar informações para que tomemos as decisões importantes. Mas vou te dar uma informação que só o censo nos revela com precisão: mesmo nas favelas do Rio, se as mulheres tem mais escolaridade, o número de filhos delas cai surpreendentemente. O que isso mostra? Mostra que, se dermos educação para as mulheres, sejam elas pobres ou de favelas, elas terão melhores condições de decidir quantos filhos querem ter, e, neste cenário, tendem a ter menos, sem que a gente tenha que recorrer a políticas absurdas de tentativa de controle da natalidade, já totalmente descartadas em todas as democracias do mundo, e abominadas pela ONU.

(05:54:42) carlos fala para Antônio Gois: Boa tarde Antônio!Quais as principais perguntas que estão engajadas no censo?

(05:55:43) Antônio Gois: Carlos, sua pergunta é das mais dificieis. Olhe no site do IBGE (www.ibge.gov.br) e você poderá acessar aos questionários do censo, e saber exatamente o que será perguntado. São dezenas de questões.

(05:55:55) Duda fala para Antônio Gois: Antõnio, é verdade que as cidades de grande médio porte tendem a apresentar uma desaceleração d e crescimento, tendo em vista a diminuição da taxa de natalidade e de imigração?

(05:57:13) Antônio Gois: Duda, essa é uma realidade para o Brasil. Sobre as cidades de grande e médio porte, isso depende de fatores economicos também. O último censo mostrou que a migração do Nordeste para o Sudeste já não era tão intensa, e outras pesquisas detectaram movimentos de retorno de imigrantes. Enfim, sabermos pelo censo quais cidades apresentarão essas tendencias, e quais terão outras tendencias.

(05:57:49) ROBERTO RIOS fala para Antônio Gois: ótimos esclarecimentos sobre o CENSO. É de total importância um grupo jornalístico fazer isso pq informa o cidadão de uma maneira mais profunda, de modo que numa reportagem, por exemplo, muitas vezes não dá pra ter. A folha e o jornalista Antônio Gois estão de parabéns

(05:57:55) Fernanda Cunha fala para Antônio Gois: Antônio,tenha uma excelente noite,obrigada sua atenção e te desejo mais sucesso em sua carreira

(05:58:31) Antônio Gois: Caros, obrigado pela participa~ção, e peço desculpas se não fui claro. Outras dúvidas que vocês tiverem, podem tirar no site do IBGE (www.ibge.gov.br) ou pelo telefone 0800-721-8181. Obrigado a todos!

(05:58:49) Moderadora UOL: O Bate-papo UOL agradece a presença de Antônio Gois e de todos os internautas. Até o próximo!

 

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