Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
10/08/2010 - 17h06

Ex-deputado acusado de mortes no PR é alvo de manifestantes após audiência

Publicidade

DIMITRI DO VALLE
DE CURITIBA

Aos gritos de "assassino", manifestantes tentaram cercar na tarde de hoje o ex-deputado estadual Luiz Fernando Ribas Carli Filho (sem partido) na saída de uma audiência do processo em que é acusado de causar duas mortes em um acidente de trânsito, em maio de 2009, em Curitiba.

Ex-deputado que matou dois em acidente de trânsito depõe hoje em Curitiba (PR)
Família quer pressa em julgamento de acidente
Audiência no PR termina sem depoimento
Justiça aceita denúncia contra ex-deputado
Ex-deputado dirigia a 167 km/h em acidente, diz laudo
Deputado Carli Filho estava com carteira suspensa
Deputado envolvido em acidente tem projeto que beneficia bom condutor

Um dos manifestantes chegou a dar pontapés na lataria do veículo que o aguardava no estacionamento do prédio do Tribunal do Júri. Os manifestantes --familiares e amigos dos dois mortos-- foram contidos por policiais militares que levaram Carli Filho até o carro.

Foi o primeiro depoimento dele na ação judicial a que responde por homicídio duplamente qualificado com dolo eventual (quando o suspeito assume o risco de produzir o dano). Em cerca de uma hora, o ex-deputado repetiu o que já havia dito na fase do inquérito policial: não se recorda do acidente em razão dos ferimentos sofridos na cabeça.

Carli Filho, 27, bateu seu carro, que estava a 167 km/h, segundo a polícia, contra outro automóvel num cruzamento do bairro Mossunguê. Os dois ocupantes do outro veículo, Gilmar Rafael Yared, 26, e Carlos Murilo de Almeida, 22, morreram na hora. Com a repercussão do caso, o acusado renunciou ao mandato.

Reprodução
Fernando Carli Filho, ex-deputado estadual no Paraná, é acusado de causar duas mortes em um acidente de trânsito em maio de 2009
Fernando Carli Filho, ex-deputado estadual no Paraná, é acusado de causar duas mortes em um acidente de trânsito em maio de 2009

O ex-deputado disse ter consumido bebida alcoólica em um restaurante onde jantou na noite do acidente. No inquérito policial, foi responsabilizado por estar bêbado e com a carteira de habilitação vencida.

O advogado de defesa de Carli Filho, Roberto Brzezinski Neto, declarou que seu cliente não teve culpa no acidente, já que ele estava na preferencial no momento do choque contra outro carro.

"A preferencial era dele, né? Isso aí é que tem que começar a esclarecer", afirmou. "Estando o cruzamento sinalizado, de quem é a preferência? É de quem vem pela via maior. Isso aí é uma questão básica, resolução do Contran inclusive." Os semáforos do cruzamento estavam funcionando somente com a luz amarela piscando.

Brzezinski Neto contestou a velocidade atribuída pela polícia e falou que apresentará "em momento oportuno" um outro laudo técnico.

O advogado Elias Mattar Assad, que representa a família de um dos jovens mortos, afirma que o caso poderá ser definido nos próximos 15 dias, tempo que a defesa, acusação e o juiz Daniel Surdi de Avelar teriam para se manifestar. Carli Filho pode ir à júri popular, mas o juiz também tem a possibilidade de dar uma sentença baseado nas provas anexadas ao processo.

FAMILIARES

A mãe de um dos jovens mortos no acidente, Vera Lúcia de Carvalho, disse que ver Carli Filho pela primeira vez após o acidente lhe trouxe problemas emocionais.

"Acho que ia aliviar [vê-lo depondo], mas parece que piorou. Eu achava que ia me tranquilizar, mas agora tenho mais raiva", afirmou.

Ela não acredita em uma punição para o ex-deputado. "Daqui não espero nada. Espero da justiça de Deus", disse.

Cristiane Yared, mãe de Gilmar Rafael, disse que o júri popular seria "uma forma de mostrar a esses jovens embriagados que podemos combater a impunidade no trânsito".

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página