Após ocupação, favelas do Alemão e da Penha devem ganhar pacote de serviços

O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), apresentou nesta segunda-feira um pacote de serviços públicos para os complexos de favelas do Alemão, da Penha e para dez bairros da região, ocupados desde domingo por forças policiais. A "invasão de serviços" foi definida numa reunião pela manhã com diversos secretários municipais.

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"A prefeitura tem um papel importante a cumprir a partir de agora porque são áreas que vêm já há muito tempo sofrendo ou por ter serviços públicos inexistentes ou por sua deficiência", disse o prefeito

As ações emergenciais, no entanto, ainda aguardam a autorização da Secretaria Estadual de Segurança Pública para que sejam concretizadas.

A vila olímpica do complexo do Alemão servirá de base para a realização dos serviços, para o quais Paes pediu ao Tribunal de Contas do Município agilidade na liberação de verbas e licitações.

Diante de ruas depredadas e da construção de barricadas por traficantes para impedir a entrada das forças policiais, a Secretaria Municipal de Conservação e Serviços Públicos concentrará esforços na pavimentação e drenagem das vias. A limpeza imediata da área será feita por 600 garis da Comlurb. Depois, a ideia é que cem homens façam a varredura e coleta de lixo permanente da região. Também terá início a limpeza de quatro rios que cortam a área.

Com 14 equipes, a Rio Luz vai restabelecer a energia no local e reformular o sistema de iluminação dos dois complexos.

A partir de duas bases, a Secretaria Municipal de Assistência Social vai percorrer as comunidades trabalhando com os moradores as questões do trauma do conflito e da dependências das drogas.

	Antonio Scorza/AFP
	Agentes da prefeitura trabalham na favela da Vila Cruzeiro, zona norte do Rio; veja outras imagens

O final do ano letivo foi postergado para que os 31 estabelecimentos de ensino da região debatam os problemas do confronto com os cerca de 10 mil alunos. As aulas devem ser retomadas a partir de amanhã. Há a previsão de inauguração de 19 novas creches, passando a atender 4.000 crianças em vez das 1.500 atuais.

O secretário municipal de Saúde e Defesa Civil, Hans Dohmann, vai transferir o gabinete para uma clínica da família pronta para ser inaugurada no complexo do Alemão para coordenar o trabalho em duas tendas que serão instaladas. O prefeito acredita que na próxima semana 90 mil famílias terão a cobertura do programa Saúde da Família. No longo prazo, sem definir datas, quatro clínicas da família serão construídas na região, além de mais uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) na Penha.

Cerca de R$ 10 milhões serão investidos de forma emergencial em obras de contenção de encostas no complexo da Penha.

A inauguração de um cinema na comunidade de Nova Brasília será antecipada para dezembro. Para facilitar o trabalho dos serviços da prefeitura e levar internet de graça aos moradores dos conjuntos de favelas, uma antena que replicará o sinal de uma rede já existente será instalada num dos pontos mais altos do complexo do Alemão.

No transporte, as 30 linhas de ônibus no entorno da região já foi normalizado. Seis linhas do chamados "cabritinhos", Kombis ou vans que fazem transporte coletivo, serão regularizados em breve. A ideia é que o bilhete único integre esse serviço de transporte no médio prazo. A CET-Rio (Companhia de Engenharia e Tráfego) vai reformar os semáforo das vias da região.

A Secretaria Municipal de Trabalho e Emprego vai trabalhar para regularizar os 7.000 estabelecimentos comerciais do local, além de cadastrar trabalhadores para ofertas de vagas e emitir carteiras de trabalho.

Será lançado amanhã o edital para licitação das obras de urbanização do parque Proletário da Penha, orçadas em R$ 144 milhões e que fazem parte do programa "Morar Carioca". Até sexta-feira, será lançado também a licitação para a construção de um novo plano inclinado para a igreja da Penha.