Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
30/12/2010 - 09h31

Polícia Militar cerca favela para reaver bicicleta furtada em Ribeirão Preto (SP)

Publicidade

HÉLIA ARAUJO
DE RIBEIRÃO PRETO

O furto de uma bicicleta dentro de uma base da Polícia Militar, no último sábado (25), resultou numa ocupação que já dura três dias na favela das Mangueiras, a mais antiga de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo).

O comando da PM admite que houve o furto, mas diz que a ação faz parte da Operação Saturação, para coibir o tráfico de drogas. Moradores e até PMs, no entanto, dizem que o cerco foi motivado pelo furto da bicicleta.

Policiais têm ficado 24 horas nas quatro entradas da favela. Alguns moradores afirmaram que os barracos estão sendo invadidos sem mandado judicial.

"Os policiais já entraram duas vezes na minha casa. Tenho cinco filhos pequenos e eles estão assustados com isso", disse a dona de casa Juliana Cristina, 22.Os favelados também reclamam de excessos dos PMs nas revistas.

"Hoje de manhã fui trabalhar e os policiais me abordaram. Eles jogaram a minha marmita no chão e me mandaram voltar para casa. Perdi um dia de serviço", disse um pintor de 25 anos, que pediu anonimato.

A dona de casa Andreia Costa, 35, mãe de seis filhos, também está apreensiva. Segundo ela, desde domingo os policiais ordenaram o fechamento dos bares e os moradores têm sido obrigados a fazer compras escondidos, dentro das casas dos comerciantes.

Um menino de nove anos disse à Folha que foi ameaçado pelos policiais enquanto brincava. "Eu estava brincando e eles [policiais] chegaram e falaram para todo mundo sair dali senão a gente ia levar bala. Saímos correndo com muito medo."

Um policial, que pediu para não ser identificado, disse que realmente recebeu ordens para revistar todos e que, "se fosse preciso, era para bater mesmo".

Segundo ele, a intenção era que a presença dos PMs inibisse o tráfico de drogas no local e obrigasse os ladrões a devolver a bicicleta. O policial disse ainda que é a segunda vez que uma bicicleta da base é furtada.

Moradores da Vila Virgínia, onde fica a favela das Mangueiras, estão divididos em relação à operação da polícia. "Aqui tem muito tráfico. Com os policiais me sinto mais segura", disse uma dona de casa de 61 anos que pediu anonimato.

Outra moradora, que também não quis se identificar, criticou a presença dos policiais nas entradas da favela. "Ontem [terça-feira] meu neto de 13 anos foi à padaria e, quando voltou, o policial mandou que ele mostrasse o saco com os pães. Não temos nada com isso e estamos sendo constrangidos."

OUTRO LADO

O coronel Salvador Loureiro Júnior, comandante do 51º Batalhão da PM em Ribeirão, afirmou que o cerco da favela das Mangueiras faz parte de uma série de operações para coibir o tráfico de drogas na cidade.

Ele confirmou que uma bicicleta foi furtada no sábado da base da PM e que não foi a primeira vez que um veículo oficial foi levado do local.

"Já instauramos inquérito para averiguar esse furto, mas a bicicleta estava em desuso. Na outra ocasião em que uma bicicleta foi levada da base nós a encontramos perto da favela." Porém, o coronel nega que a operação tenha sido motivada pelo furto do veículo.

"Fomos informados que um carregamento de drogas chegaria por esses dias na favela das Mangueiras e não tivemos informações de onde essa droga estava. Com a ação impedimos que o entorpecente chegue."

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página