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Área metropolitana de São Paulo abriga "áfricas e europas"
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JOSÉ BENEDITO DA SILVA
DE SÃO PAULO
De um lado, São Caetano, com índices de qualidade de vida próximos aos da Noruega e Austrália, líderes mundiais; do outro, Francisco Morato e Embu-Guaçu, com taxas iguais à da Albânia e inferiores à do Panamá.
A nova região metropolitana de São Paulo, que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) instalará oficialmente na quinta-feira, nasce sob o signo da desigualdade.
O quadro, reconhece o governo, é a maior ameaça à consolidação da metrópole de 19,7 milhões de habitantes (metade da população paulista) e 10,2% do PIB do país.
O cenário é fruto de décadas de falta de planejamento e entrave para a região pois, entre outros pontos, aumenta os deslocamentos atrás de emprego, saúde e educação.
Para evitar a disputa predatória por verbas, a estratégia é fortalecer o Conselho de Desenvolvimento, com Estado e prefeitos das 39 cidades.
É ele quem vai definir as prioridades e investimentos. O governo, diz Edson Aparecido, secretário do Desenvolvimento Metropolitano, vai usar as definições para elaborar o Orçamento e o Plano Plurianual, a partir de 2012.
"PATO MANCO"
A metrópole terá cinco sub-regiões. As prioritárias são norte e leste, com baixos índices de qualidade de vida, renda, atividade econômica e oferta de serviços públicos e altas taxas de mortalidade, evasão escolar e violência.
"A ideia é direcionar para lá setores da produção, porque não dá mais para construir trem, metrô, para deslocar milhares de pessoas. A metrópole não pode ser um pato manco", diz Aparecido.
A metrópole "manca" em várias áreas. Em mortalidade infantil, há índices canadense, como o de Guararema (5,1 mortes de crianças com menos de 1 ano a cada mil nascidas vivas), e líbio, como o de Rio Grande da Serra (21,2).
Estudo divulgado semana passada pela Câmara de SP mostra que o PIB per capita da região é 80% superior ao do país, mas 22 dos 39 municípios que a compõem têm índice abaixo da média nacional.
O pior deles, o de Francisco Morato (R$ 4.834), é inferior ao do Djibuti, país pobre do norte da África (R$ 5.010).
Para o urbanista Kazuo Nakano, do Instituto Pólis, a falta de pólos que distribuam as demandas da metrópole é o problema central. Ele diz que é preciso, porém, ter cuidado com estratégia e execução. "Há muitas obras sem planos e muitos planos sem obras."
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