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Preso no RS faz "memória do cárcere" em perfil do Facebook
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NATÁLIA CANCIAN
DE SÃO PAULO
Um preso do Presídio Central de Porto Alegre, um dos mais superlotados do país --4.684 presos para 2.100 vagas-- mantinha um perfil do Facebook, atualizado quase que diariamente de dentro de sua cela.
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O diretor da unidade, tenente-coronel Leandro Santiago, disse que o presídio não tem bloqueador de celulares após a alternativa ter sido considerada "inviável" por uma análise que concluiu que isso afetaria o sinal do bairro.
"Até parece rave aqui! só falto as gatas (sic)", escreveu em seu perfil o internauta identificado como "German Fox". A mensagem, postada em 17 de julho, é apenas uma da série que compõe uma espécie de um diário virtual do cárcere mesclado com conversas entre amigos --o detento tinha 498 seguidores na rede social.
Detalhes sobre vistorias no presídio, uso de drogas e até reclamações sobre a falta de luz aparecem nas mensagens. "Três dias, meia-hora com luz e 40 min sem! Depois querem que nao coloquem fogo nos colchoes! (sic)" O detento também usa gírias específicas da unidade. "Amanha vo da uma banda de trovão azul...(sic)".
As postagens foram parar nas mãos do juiz da Vara de Execuções Criminais de Porto Alegre, Alexandre Pacheco, que fez uma cópia de todo o conteúdo publicado na internet --o perfil saiu do ar na última quarta-feira (3)-- e pediu informações sobre o caso.
A diretoria do presídio respondeu: mesmo sem o nome, parte das informações correspondem a um detento preso em março por tráfico de drogas.
"Trovão azul", por exemplo, é a forma como é chamado o ônibus que transporta os presos. O diretor da prisão confirma que o detento foi para uma audiência um dia depois da postagem -levado pelo "trovão".
A falta de luz no presídio também ocorreu no mesmo período da postagem, segundo o diretor.
Há postagens que revelam a espera na prisão: "A cada nascer de sol, mais um passo para a liberdade".
FATO CORRIQUEIRO
Santiago diz que será aberto um procedimento administrativo para investigar o conteúdo e a autoria das postagens. Se ficar provada a autoria, o detento pode sofrer uma sanção disciplinar.
Para o juiz Pacheco, o problema ocorreu devido à facilidade para a entrada de celulares na prisão, o que ele considera "fato corriqueiro" no local.
O diretor da unidade admite que o problema existe e que não sabe como resolver. Segundo ele, só no 1º semestre, foram 894 aparelhos apreendidos.
Ele diz que a maior parte é "arremessada" por cima de um muro que contorna o prisão. Santiago também diz que o presídio já tentou aumentar a altura do muro --hoje com cinco metros-- para resolver o problema, sem sucesso. "Fizemos várias tentativas já, mas sempre surge uma brecha".
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