Brasil e EUA lançam iniciativa sobre sustentabilidade urbana

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e a chefe da agência ambiental dos EUA, Lisa Jackson, lançaram hoje no Palácio do Itamaraty, no Rio, a Iniciativa Conjunta para Sustentabilidade Urbana, que consistirá no intercâmbio de experiências nos dois países para criar as chamadas "cidades verdes".

O projeto conta com parceria da iniciativa privada -- a Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável, do lado do Brasil, e a Fundação Rockefeller, dos EUA-- e das Prefeituras do Rio de Janeiro e da cidade americana da Filadélfia, além do governo estadual do Rio.

"Eles trazem soluções e experiências americanas, mas também estão interessados nas soluções e experiências brasileiras. Vamos conversar e pensar juntos as menores iniciativas", disse a ministra Teixeira.

A ideia da iniciativa é criar projetos em diferentes áreas, como gestão de resíduos, reciclagem, eficiência energética e construção sustentável, que possam se tornar modelos reproduzíveis nos dois países e também em outras partes do mundo.

"Nós estamos aqui para fazer uma receita de como o Rio pode agir na área de sustentabilidade urbana que sirva de exemplo para outras cidades. Agora começa o trabalho duro de fazer com que essa iniciativa vá além das palavras", afirmou Lisa Jackson.

Os responsáveis pela iniciativa disseram que não trabalham com um cronograma específico porque a ideia é transformar o conceito em iniciativas mais perenes, que superem o calendário de grandes eventos do Rio nos próximos anos, a começar pela conferência ambiental Rio +20, no ano que vem.

"O que é importante no projeto nesse momento é uma visão de futuro. Nós estamos pensando em como deverá ser o futuro, e esperamos que seja assim", disse Israel Klabin, da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável.

A Folha questionou a ministra Teixeira e sua colega americana sobre as fontes de financiamento para o projeto e se haveria financiamento americano para iniciativas no Brasil. Jackson afirmou que é preciso buscar modelos de financiamento criativos que envolvam a iniciativa privada, a exemplo dos que o prefeito da Filadélfia, Michael Nutter, presente ao evento de lançamento, encontrou para a criação de empregos verdes na cidade americana.

"O que os EUA estão dizendo é que isso é mais importante para áreas fora do Brasil do que é para o próprio país. A habilidade de achar um modelo de financiamento que seja reproduzível pelo mundo é fundamental", disse Jackson.

O secretário estadual do Meio Ambiente, Carlos Minc, citou iniciativas de sustentabilidade nas áreas com UPPs
(Unidades de Polícia Pacificadora), como a coleta de óleo e a instalação de campos verdes, e a revitalização de Gramacho após o fechamento do aterro sanitário local como exemplos de iniciativas do Rio de Janeiro que podem ser exportadas para o mundo.

A iniciativa lançada hoje é um desdobramento da visita do presidente dos EUA, Barack Obama, ao Brasil em março, quando o comunicado conjunto dos dois governos prometeu uma agenda comum sobre economia verde. "Nesse sentido, [Obama e Dilma Rousseff] acordaram iniciar diálogo sobre iniciativa conjunta em sustentabilidade urbana, que servirá como plataforma para ações voltadas para os desafios e oportunidades de desenvolvimento de infraestruturas urbanas que promovam o desenvolvimento sustentável com benefícios econômicos, sociais e ambientais concretos."