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Ribeirão Preto
Infestação de moscas gera perdas a pecuaristas do interior de SP
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JOÃO ALBERTO PEDRINI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE RIBEIRÃO PRETO
Uma infestação de moscas em propriedades rurais de Tambaú e Santa Rosa de Viterbo, no nordeste paulista, está causando prejuízos a pecuaristas.
Com os constantes ataques aos animais, os criadores já registram prejuízos de até 40% na produção de leite e a perda de 50 quilos ao mês por cabeça no gado de corte.
De acordo com Fernando Ferri, zootecnista da Casa da Agricultura de Santa Rosa (283 km de SP), ao menos dez propriedades foram afetadas nos últimos dois meses.
São sete fazendas do município e outras três, em Tambaú (255 km de SP).
Edson Silva/Folhapress | ||
Gado tenta espantar inseto conhecido como mosca do estábulo no sítio Recanto do Angeri, em Tambaú |
Ele afirmou que as propriedades rurais estão infestadas de "moscas de estábulo", que se alimentam do sangue de seus hospedeiros --bovinos, equinos, suínos, cães e até mesmo o homem.
O dano aos animais é provocado pela picada dolorosa e também pela perda de sangue: a irritação e o estresse levam os animais a se tornarem menos eficientes na conversão alimentar, o que provoca redução nas produções de leite e de carne.
Na fazenda mais prejudicada, a cerca de 40 quilômetros de Tambaú, há suspeita de que moscas tenham proliferado por causa de um adubo orgânico utilizado numa plantação de laranja vizinha do local afetado.
Ferri afirmou que produtores atribuem o problema ao manejo de "cama de frango" na cultura da área ao lado da fazenda mais afetada.
Trata-se de um material usado para forrar o piso dos galpões de granjas (palha de arroz, feno de capim, sabugo de milho triturado ou serragem), misturado com dejetos, restos de ração e penas.
De acordo com o zootecnista, o ataque das moscas deixa o gado estressado, que, então, para de se alimentar. Por serem hematófagas, existe também a possibilidade de transmitirem doenças.
"Um animal pode ser atacado por até 200 moscas. Em alguns casos, causa anemia e até morte", afirmou.
Sérgio Argeri, dono da propriedade mais danificada, afirmou que tentou conversar com o vizinho sobre o problema, mas foi "obrigado" a chamar a polícia para denunciar os danos causados pelas moscas à produção de leite.
"Em 30 anos, nunca precisei fazer isso [registrar um boletim de ocorrência], mas não teve outra saída", disse.
Antônio Bandeira Neto, que também trabalha com pecuária leiteira, disse que a infestação afetou a produção de forma significativa, resultando em uma redução de 30% da produção.
SEM RELAÇÃO
O administrador da fazenda considerada pelos vizinhos como a causadora do problema afirmou que o aparecimento das moscas não tem relação com o adubo jogado no pomar de laranja, o que teria sido comprovado por meio de laudo da Cetesb.
Segundo o administrador, que não quis ser identificado, a situação é comum em algumas propriedades do Estado e não dá para afirmar que a lavoura é culpada.
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