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Ribeirão Preto
Setor sucroalcooleiro pede política para o etanol
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JOÃO ALBERTO PEDRINI
DE RIBEIRÃO PRETO
Representantes do setor sucroalcooleiro criticaram nesta quarta-feira a falta de medidas do governo federal para ajudar a fomentar, principalmente, a produção de etanol.
O assunto foi debatido durante a Fenasucro (Feira Nacional da Indústria Sucroalcooleira), evento que ocorre em Sertãozinho (333 km de SP) até a próxima sexta-feira.
Dentre as reivindicações, está a desoneração de impostos de empresas que constroem usinas. Adézio José Marques, presidente do Ceise-Br (Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis), diz que a medida ajudaria a alavancar o setor.
"O Brasil é um dos poucos países do mundo que tributa indústria construindo outra indústria. Isso inviabiliza novos empreendimentos. Se houver uma desoneração, viabiliza negócios, oxigena o mercado e os investidores aparecerão", afirma.
Sertãozinho é um polo nacional de fábricas de peças e equipamentos para ampliação ou manutenção de usinas.
Antonio Eduardo Tonielo, presidente da Copercana e do Grupo Viralcool, critica a política da União de segurar o preço da gasolina, subsidiando o combustível. "Até agora, no atual governo, não se fez nada em termos de preço para o etanol", afirma.
"Ninguém está pedindo esmola. O governo precisa saber se ele quer ter o etanol como uma matriz energética renovável ou se ele dispensa isso. Se não interessar, tudo bem, pegamos a viola, enfiamos no saco, e vamos embora", emenda.
Manoel Bertone, ex-secretário de produção e agroenergia do Ministério da Agricultura e CEO do Benri (empresa de classificação de atividades agrícolas e industriais do setor sucroalcooleiro), minimiza a culpa do governo e diz que o mercado vai se encarregar de ajustar os preços.
"O mercado vai mostrar para o governo que o etanol é importante", diz, acrescentando que um eventual retorno da Cide [tributo sobre os combustíveis que foi zerado para a gasolina] pode ajudar o setor.
MAIOR EFICIÊNCIA
Na opinião dele, porém, não é só culpa do governo a baixa lucratividade das usinas: "Também temos que ser mais eficientes, buscar novas tecnologias, aprimorar as máquinas, buscar níveis de excelência de produtividade agrícola e industrial."
Presidente da Orplana (Organização dos Plantadores de Cana da região Centro-Oeste), Ismael Perina diz que o litro do etanol está sendo vendido a R$ 1,02 da usina para a distribuidora, quando o ideal seria comercializar a R$ 1,45.
Segundo ele, isso bancaria os custos de produção e garantiria uma boa margem de lucro para as indústrias.
"A grande dificuldade é que o governo é moroso. As pessoas fora do Ministério da Agricultura, que trabalham no governo, não têm a capacidade de entender o problema. Esse período segurando o preço da gasolina foi fatal para o setor sucroenergético", comenta.
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